
Economía solidaria y políticas públicas para el desarrollo territorial: un análisis basado en ...
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RIESISE, 5 (2022) pp. 73-93
http://dx.doi.org/10.33776/riesise.v5.5191
(PESD), que se manteve no PPA 2008-2011.2 Com ele, a Senaes passou
a contar com orçamento e estrutura administrativa próprios, o que lhe
conferiram o status de unidade gestora. As ações previstas inicialmente
foram no intuito de gerar soluções para os gargalos enfrentados pelos
empreendimentos, sintetizadas em quatro temas estruturantes: i) acesso
a capital - apoio à oferta de bens e serviços financeiros; ii) acesso a
conhecimentos - formação, assistência técnica e pesquisas; iii) acesso
a mercados - organização dos processos de produção e canais de
comercialização; e iv) arcabouço institucional-legal - articulação em torno
de marcos legais que reconheçam e apoiem o fortalecimento institucional
da economia solidária (Cunha, 2012; Silva, 2020b).
A inserção da economia solidária na agenda federal também impactou
nas decisões de políticas subnacionais de governo. Segundo Goulart
e Marin (2011), em 2008 já havia 14 estados e mais de 200 prefeituras
municipais que desenvolviam algum tipo de política deliberada de apoio
à economia solidária, em diferentes níveis de intensidade, inclusive com
leis específicas e conselhos gestores (estaduais e municipais) constituídos.
Além da esfera nacional, a Senaes desempenhou papel relevante de
articulação internacional em programas voltados ao fortalecimento do
trabalho associado, priorizando a integração regional latino-americana.3
Em termos de evolução da política na agenda federal, as evidencias
apontam para diferentes estágios que o tema assumiu ao longo dos anos,
sobretudo quando se avalia por período de PPA. Silva (2020b) dividiu
em termos analíticos esse período a partir de três momentos distintos.
O primeiro momento foi denominado pelo autor como de inserção e
consolidação, abrangendo os dois primeiros PPAs (2004-2007 e 2008-2011).
Ele se caracteriza pela ascensão da temática na agenda governamental, a
estruturação burocrática da Senaes e o lançamento do PESD, permitindo
o desenvolvimento de uma plataforma inicial de ações para o estímulo e
fortalecimento da economia solidária no Brasil.
O segundo foi de expansão contraditória (PPA 2012-2015), em que a
política nacional de economia solidária conviveu, de um lado, com elevação
na dotação orçamentária anual e, de outro, com queda acentuada no seu
2 O PPA consiste em um planejamento de médio prazo, com alcance temporal de quatro
anos, que se inicia no segundo ano do mandato presidencial vigente e vai até o primeiro ano
do mandato subsequente. Seu objetivo é orientar as decisões alocativas de governo, definindo
os programas, as metas e as prioridades da administração ao longo daquele período (Couto
e Cardoso Júnior, 2020).
3 Dentre os países que mantiveram relações de cooperação nesse período estão:
Equador, Argentina, Uruguai, Venezuela, Paraguai, Bolívia, México, Cuba, Áustria, Bélgica,
Espanha, França, Itália, Portugal, Timor Leste, Alemanha, Senegal, Moçambique, Angola, entre
outros. A partir de 2007, a Senaes passou a compor a Reunião Especializada de Cooperativas
do Mercosul (RECM), proporcionando uma participação mais efetiva do Brasil nesse espaço,
criado em 2001 (Silva, 2020b).