Caraterização das empresas de turismo ativo em Portugal
Bento, Murta, Sáez y Sáenz-López
Número 7, 2016 E-motion. Revista de Educación, Motricidad e Investigación 15
1. INTRODUÇÃO
O crescimento do setor do turismo ativo na Europa é muito recente (Arcos,
2004; Beedie y Hudson, 2003; Carvalhinho, Sequeira, Serodio-Fernandes, y
Rodrigues, 2010; Cunha, 2006; Mediavilla, Gómez, Burón, y Valverde, 2014), onde
diversos estudos apontam para a importância e desenvolvimento sustentável da área,
capaz de caracterizar e desenvolver os diferentes destinos e territórios onde este tipo
de atividades são desenvolvidas (Bell, Tyrväinen, Sievänen, Pröbstl, y Simpson, 2007).
A natureza e os diversos tipos de ambiente onde estes serviços são prestados, leva
por um lado, a que os participantes tenham um contato privilegiado com a natureza,
acarretando alguns riscos resultantes da interação de vários fatores como o aumento
da adrenalina, sensações positivas e vivências únicas (Blanco, 2012). Por outro lado,
a sua prática leva à exposição de riscos calculados, que tentam ser minimizados pelas
empresas especializadas do setor.
Na presente década, surgiram alguns estudos de investigação sobre o formato
de atuação e caraterização deste tipo de empresas, dos quais se retiraram algumas
conclusões preocupantes, como por exemplo, a pouca ou nenhuma atenção que os
clientes das empresas de turismo ativo sentiam, quando realizavam este tipo de
atividades. Mais preocupante ainda, o facto de poder resultar mais facilmente em
acidentes, este tipo de postura e também a falta de enquadramento técnico no
decorrer dos serviços (Consumer Eroski, 2005).
Recentes investigações de Lázaro Mediavilla, com a conceção e validação de
uma ferramenta capaz de medir os parâmetros de qualidade emergentes dos serviços
das Empresas de Turismo Ativo – Herramienta Valorativa de la Calidad Técnica en
Turismo Activo (HEVA) (Mediavilla, 2010), permitiram a adaptação do referido
instrumento a diferentes realidades sociais e económicas, de acordo com o país de
origem das diferentes empresas participantes nos diversos estudos. Neste artigo,
analisamos os dados resultantes da aplicação do já validado questionário HEVA
(Bento, 2013) a um conjunto de 183 empresas de turismo ativo portuguesas, tentando
caraterizar o seu perfil empresarial, formas e métodos de atuação no setor.
2. METODOLOGIA
Realizou-se um estudo descritivo quantitativo, sendo que a maioria dos autores
consultados fazem referência às diferentes formas de aplicação destes métodos num
desenho de investigação (Fonseca, 2008; Maroco, 2011; Quivy y Campenhoudt,
2008).
Com a aplicação do questionário HEVA (Bento, 2013), pretendemos ter um
esboço e consequente caraterização das empresas respondentes, na área do turismo
ativo em Portugal.
A amostra foi constituída por 183 empresas, registadas no Turismo de Portugal
IP., através da plataforma RNAAT (registo nacional dos agentes de animação
turística). Responderam ao questionário HEVA, empresas provenientes de 18 distritos
de Portugal continental. A recolha dos dados, foi realizada pela submissão online do
questionário às empresas, através da plataforma “Google Drive”. Este processo foi
desenvolvido durante o período do ano onde existe menor volume de trabalho,
nomeadamente entre novembro e março (época de inverno). Enviámos e recolhemos
informação, num espaço temporal de 4 meses.