E-motion. Revista de Educación, Motricidad e Investigación
2016, nº 7, pp. 13-19
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Caraterização das empresas de turismo ativo
em Portugal / Características de las empresas
de turismo activo en Portugal
Pedro Bento1, Luis Murta1, Jesús Sáez2 y Pedro Sáenz-López2
1 Escola Superior de Educação de Beja. Instituto Politécnico de Beja
2 Universidad de Huelva
Email: pbento@ipbeja.pt
RESUMO:
As atividades de Turismo Ativo desenvolvem-se num ambiente muito
particular, ligando a prática desportiva a um contato privilegiado com
a natureza. Sendo o âmbito e natureza deste tipo de atividades muito
diversificado, torna-se importante investigar e caraterizar as empresas
especializadas na área, identificando parâmetros e condicionantes de
ação que determinam a sua intervenção no setor. O presente artigo
tem como objetivo caracterizar o perfil das empresas de turismo ativo
portuguesas através da aplicação do questionário HEVA (Bento, 2013),
adaptado e validado do questionário original HEVA (Mediavilla, 2010).
Dos resultados obtidos, através de uma análise descritiva que permitiu
caraterizar o perfil das empresas participantes no estudo (N=183),
destacamos: o crescimento recente deste setor em Portugal, sendo que
a maioria das empresas têm menos de 10 anos de existência; o
geridas por 1 ou 2 sócios e a maioria, desenvolve a sua atividade
durante os 12 meses do ano, apesar da sazonalidade do setor; em
média disponibilizam até 10 atividades/produtos para o mercado,
optando, por não ter qualquer base de operação para desenvolver a
atividade, diversificando a sua área territorial de intervenção; possuem
nos seus quadros de pessoal até 2 trabalhadores fixos, reforçando com
trabalho temporário de acordo com a procura de serviços. De referir
ainda que 70,5% da amostra inquirida, identifica a sua intervenção e
gestão diária do negócio, na área/setor do Turismo.
PALAVRAS CHAVE: Perfil Empresarial, Turismo Ativo, Actividade Física.
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Bento, Murta, Sáez y Sáenz-López
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Características de las empresas de turismo
activo en Portugal
RESUMEN:
Las actividades de turismo activo se desarrollan en un ambiente muy
particular, conectando la práctica deportiva con el privilegiado entorno
de la naturaleza. Sin embargo, este tipo de práctica implica algunos
riesgos para los participantes/clientes, originados por la interacción de
varios factores y principalmente por la naturaleza de este tipo de
actividades. En ese sentido, es importante investigar la forma en la que
las empresas expertas en el área del turismo activo proporcionan los
servicios en el mercado, intentando identificar los parámetros y
condicionantes que determinan su intervención en el sector. En el
presente artículo, se caracteriza el perfil corporativo de las empresas de
turismo activo en Portugal, que han contestado al cuestionario HEVA
(Herramienta de Valoración de la Calidad en el Turismo Activo)
adaptado al contexto portugués por Bento (2013). Se ha procedido a
un análisis descriptivo que ha permitido caracterizar el perfil de las
empresas participantes en el estudio (N = 183). De los resultados
obtenidos, se destaca el crecimiento reciente de este sector en
Portugal, ya que la mayoría de las empresas participantes en el estudio
tienen menos de 10 años de existencia. Son dirigidas por 1 o 2 socios y,
mayoritariamente, desarrollan su actividad a lo largo de los 12 meses del
año, a pesar de la estacionalidad del sector. Ofrecen hasta 10
actividades/productos al mercado, optando, la mayoría de los
encuestados, por no tener cualquier base de operación para desarrollar
su actividad, diversificando su área territorial de intervención. Hay, en sus
plantillas, hasta 2 trabajadores fijos, reforzándolo con trabajo temporal
en función de los servicios ofertados. El 70,5% de la muestra identifica su
intervención y administración diaria en el área del turismo.
PALABRAS CLAVE: Perfil Corporativo, Turismo Activo, Actividad Física.
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1. INTRODUÇÃO
O crescimento do setor do turismo ativo na Europa é muito recente (Arcos,
2004; Beedie y Hudson, 2003; Carvalhinho, Sequeira, Serodio-Fernandes, y
Rodrigues, 2010; Cunha, 2006; Mediavilla, Gómez, Burón, y Valverde, 2014), onde
diversos estudos apontam para a importância e desenvolvimento sustentável da área,
capaz de caracterizar e desenvolver os diferentes destinos e territórios onde este tipo
de atividades são desenvolvidas (Bell, Tyrväinen, Sievänen, Pröbstl, y Simpson, 2007).
A natureza e os diversos tipos de ambiente onde estes serviços são prestados, leva
por um lado, a que os participantes tenham um contato privilegiado com a natureza,
acarretando alguns riscos resultantes da interação de vários fatores como o aumento
da adrenalina, sensações positivas e vivências únicas (Blanco, 2012). Por outro lado,
a sua prática leva à exposição de riscos calculados, que tentam ser minimizados pelas
empresas especializadas do setor.
Na presente década, surgiram alguns estudos de investigação sobre o formato
de atuação e caraterização deste tipo de empresas, dos quais se retiraram algumas
conclusões preocupantes, como por exemplo, a pouca ou nenhuma atenção que os
clientes das empresas de turismo ativo sentiam, quando realizavam este tipo de
atividades. Mais preocupante ainda, o facto de poder resultar mais facilmente em
acidentes, este tipo de postura e também a falta de enquadramento técnico no
decorrer dos serviços (Consumer Eroski, 2005).
Recentes investigações de Lázaro Mediavilla, com a conceção e validação de
uma ferramenta capaz de medir os parâmetros de qualidade emergentes dos serviços
das Empresas de Turismo Ativo Herramienta Valorativa de la Calidad Técnica en
Turismo Activo (HEVA) (Mediavilla, 2010), permitiram a adaptação do referido
instrumento a diferentes realidades sociais e económicas, de acordo com o país de
origem das diferentes empresas participantes nos diversos estudos. Neste artigo,
analisamos os dados resultantes da aplicação do validado questionário HEVA
(Bento, 2013) a um conjunto de 183 empresas de turismo ativo portuguesas, tentando
caraterizar o seu perfil empresarial, formas e métodos de atuação no setor.
2. METODOLOGIA
Realizou-se um estudo descritivo quantitativo, sendo que a maioria dos autores
consultados fazem referência às diferentes formas de aplicação destes métodos num
desenho de investigação (Fonseca, 2008; Maroco, 2011; Quivy y Campenhoudt,
2008).
Com a aplicação do questionário HEVA (Bento, 2013), pretendemos ter um
esboço e consequente caraterização das empresas respondentes, na área do turismo
ativo em Portugal.
A amostra foi constituída por 183 empresas, registadas no Turismo de Portugal
IP., através da plataforma RNAAT (registo nacional dos agentes de animação
turística). Responderam ao questionário HEVA, empresas provenientes de 18 distritos
de Portugal continental. A recolha dos dados, foi realizada pela submissão online do
questionário às empresas, através da plataforma “Google Drive”. Este processo foi
desenvolvido durante o período do ano onde existe menor volume de trabalho,
nomeadamente entre novembro e março (época de inverno). Enviámos e recolhemos
informação, num espaço temporal de 4 meses.
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Para a análise descritiva dos dados, utilizamos o programa SPSS (versão 20.0
para Windows). Desenvolvemos tabelas de frequência e contingência, representando
percentagens correspondentes e frequências absolutas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da análise dos dados da primeira parte do questionário HEVA (Bento,
2013), onde estão descritas perguntas de caraterização geral, apresentamos o perfil da
amostra estudada, relativo às empresas de turismo ativo portuguesas respondentes.
A Fig. 1 apresenta a dispersão da amostra pelos vários distritos de Portugal. O
distrito de Faro, com 35 empresas (19,1%) respondentes ao questionário, seguido de
Lisboa com 24 (13,1%) e o Porto com 23 (12,6%), foram as regiões mais representadas
neste estudo.
Fig. 1. Distrito onde estão sedeadas as empresas de Turismo Ativo (n=183)
A maioria das empresas respondentes opta por atuar num âmbito mais regional,
em relação ao local da sua sede, gerindo e organizando atividades e serviços sem
realizarem grandes deslocações. Contudo, existem também muitas empresas que se
deslocam de norte a sul do País (25,7%), dinamizando as suas atividades/serviços num
âmbito mais nacional (Tabela 1).
Tabela 1. Âmbito de intervenção
Âmbito
Frequência
Percentagem
Local
39
21,3%
Distrital
13
7,1%
Regional
50
27,3%
Nacional
47
25,7%
Internacional
34
18,6%
Total
183
100%
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De referir ainda, a internacionalização de 34 empresas respondentes,
demonstrando a importância e valor do trabalho desenvolvido pelos responsáveis na
área.
Relativamente aos fatores de gestão e de administração, é de referir que a
maioria tem menos de uma década de existência, são geridas por 1 ou 2 sócios e
desenvolvem a sua atividade durante os 12 meses do ano. Verificamos ainda que 72,7%
das empresas inquiridas não efetuou qualquer mudança na administração e 63,9%
revelou que ainda não exerceu mudanças estatutárias relativamente ao seu âmbito de
intervenção inicialmente previsto.
Em relação aos serviços e atividades disponibilizadas pelas empresas inquiridas,
destacamos o facto de 81,4% da amostra dispor em média, 10 atividades/produtos para o
mercado, apenas com 1 base de operação para o desenvolvimento de toda a sua
atividade. As atividades/produtos com mais sucesso ou procura são os circuitos e tours
(20%), seguidos das “multiactividades” (17%) e do “pedestrianismo”(15%) (Fig. 2).
Fig. 2. Descrição das atividades/produtos com maior procura
No que diz respeito à sua área de Intervenção, tendo em conta o meio físico onde
realizam as suas atividades, 70% das empresas refere o meio terrestre como principal
local de atuação das suas atividades e 30%, o meio aquático.
Os empresários afirmam ainda que a sua intervenção e gestão empresarial,
posiciona-se maioritariamente (70,5%) no setor do turismo, em detrimento do setor
desportivo, de acordo com os seus interesses e também pela forma como são
representados pelos organismos reguladores do setor.
Relativamente aos recursos humanos, destacamos o facto das empresas de
turismo ativo portuguesas respondentes, referirem que possuem nos seus quadros de
pessoal uma média de 2 trabalhadores fixos, reforçando com trabalho temporário, até um
máximo de 5 recursos humanos, de acordo com a sazonalidade e procura de serviços.
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4. CONCLUSÕES
De acordo com os dados apresentados, identificamos um perfil empresarial das
empresas de turismo ativo portuguesas respondentes. Deste modo podemos concluir
que:
- As empresas participantes no estudo são, na sua maioria, bastante jovens, tendo 5 a 10
anos de existência.
- Este tipo de organizações são constituídas, maioritariamente por 1 ou 2 sócios,
participantes ativos nas diversas funções e atividades empresariais.
- As empresas de turismo ativo inquiridas, dinamizam a atividade, durante os 12 meses
do ano.
- Identificam e promovem-se, na sua maioria, através de 1 ou 2 atividades, podendo
disponibilizar mais produtos, subcontratando serviços a terceiros.
- Os responsáveis pelas empresas, criam os seus próprios postos de trabalho, reforçando
os seus quadros apenas na temporada alta, de forma pontual.
- Trata-se de um setor claramente posicionado na área do Turismo, tendo como área
predominante de atuação o meio terrestre, adequando estratégias de formação,
desenvolvimento empresarial e de regulamentação, a partir desse pressuposto.
4. BIBLIOGRAFIA
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Bento, P. (2013). Validação de questionário sobre a Qualidade das Empresas de
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