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Análisis y Modicación de Conducta
2024, Vol. 50, Nº 184, 3-22
ISSN: 0211-7339
MindFlex/ACT: Competências psicológicas pelo olhar da
Terapia de Aceitação e Compromisso – Estudo exploratório
MindFlex/ACT: Psychological skills from the perspective of
Acceptance and Commitment Therapy – Exploratory study
Fábio Botelho Guedes1,2, Margarida Gaspar de Matos1,2,3, Ana Cerqueira1,2, Tania Gaspar1,4, Marta Raimundo1,
Cátia Branquinho1,2, & Catarina Noronha1
1Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB), Aventura Social, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL),
Lisboa, Portugal
2Católica Research Center for Psychological, Family and Social Wellbeing (CRC-W), Faculdade de Ciências Humanas
da Universidade Católica, Lisboa, Portugal
3Applied Psychology Research Center Capabilities & Inclusion – APPsyCI, ISPA – Instituto Universitário de Ciências
Psicológicas, Sociais e da Vida, Lisboa, Portugal
4HEI-Lab – Digital Human-Environment Interacton Labs, Universidade Lusófona, Lisboa, Portugal
Resumo
Uma vasta gama de estudos tem mostrado que a pro-
moção da exibilidade psicológica tem um impacto signi-
cativo e positivo na saúde mental. A Terapia de Aceitação
e Compromisso (ACT), inserida na terceira vaga das Tera-
pias Cognitivo-Comportamentais, constitui-se como um
modelo que visa usar e promover a exibilidade psicológi-
ca. O presente estudo pretende organizar e explorar uma
nova escala de avaliação das competências psicológicas
relacionadas com a exibilidade psicológica, que denomi-
namos de “MindFlex/ACT e que foi concebida a partir de
diversas escalas já usadas e validadas. Participaram neste
estudo 1174 indivíduos, dos quais 78,4% (N=916) são do
género feminino, com uma idade média de 38,45 anos
(DP=14,00), compreendidos entre os 18 e os 75 anos. O
estudo preliminar da Escala do Instrumento MindFlex/
ACT mostrou uma boa consistência interna para todos as
dimensões. Mostrou também interessantes resultados ao
longo da vida, e na sua relação com outros indicadores
de saúde psicológica e comportamentos de saúde asso-
ciados ao estilo de vida, sugerindo o seu interesse para a
prática clínica e educativa, no âmbito da saúde psicológi-
ca, estando neste momento em curso a sua redução para
estudos epidemiológicos à população.
PalavRas chave
Flexibilidade psicológica, ACT, Terapia Cognitivo-Com-
portamental; MindFlex/ACT.
abstRact
A wide range of studies have shown that promoting
psychological exibility has a signicant and positive
impact on mental health. Acceptance and Commitment
Therapy (ACT), a model in the third wave of Cognitive-
Behavioral Therapies, is designed to foster psychologi-
cal exibility. The present study aims to organize and
explore a new scale for assessing psychological skills
related to psychological exibility, called “MindFlex/
ACT, which was designed based on several existing
and validated scales. 1174 individuals participated in
this study; 78.4% (N=916) were female, with an average
age of 38.45 years (SD=14.00), ranging from 18 to 75
years. The preliminary study of the MindFlex/ACT Ins-
trument Scale revealed good internal consistency for
all dimensions. It also showed interesting results across
dierent life stages and its relationship with other in-
dicators of psychological health and health behaviors
associated with lifestyle. These ndings suggest the
potential utility of the scale in clinical and educational
settings within the scope of psychological health. The
scale reduction for use in epidemiological studies on
the population is currently in progress.
KeywoRds
Psychological exibility, ACT, Cognitive-Behavioral
Therapy; MindFlex/ACT.
Correspondencia: Fabio Botelho Guedes. Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB), Aventura Social, Faculdade de Medicina da Universi-
dade de Lisboa (FMUL), Lisboa, Portugal. E-mail: fabiobotelhoguedes@gmail.com
Recibido: 03/07/2024; aceptado: 01/09/2024
4MINDFLEX/ACT: COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS PELO OLHAR DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO ...
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
A Terapia de Aceitação e Compromisso
(ACT), inserida na terceira vaga das Terapias
Cognitivo-Comportamentais, constitui-se
como um modelo que visa usar e promover
a exibilidade psicológica, e que se tem mos-
trado extremamente ecaz numa vasta gama
de problemáticas ligadas à saúde psicológica
e bem-estar (Harris, 2006; Hayes et al., 1999;
Hayes & Pierson, 2005). O objetivo da ACT é,
simultaneamente, a promoção de uma vida
com bem-estar e signicado, e a aceitação de
algum sofrimento que, inevitavelmente, ocor-
re ao longo da vida (Matos, 2024; Matos 2020a;
Blackledge & Hayes, 2011; Harris, 2006; Hayes
& Levin, 2012; Hayes et al., 1999). Este mode-
lo não visa reduzir ou eliminar experiências
interiores, mesmo dolorosas, o foco reside em
mudar a relação da pessoa com as suas vivên-
cias internas, alterando o impacto dos pensa-
mentos e sentimentos que considerados ge-
radores de sofrimento (Harris, 2006; Hayes &
Levin, 2012; Hayes et al., 1999). A ACT recorre
a seis processos de mudança, com o objetivo
de promover a exibilidade psicológica: acei-
tação, cisão, eu como contexto, contacto com
o momento presente, os valores e ação com-
prometida (Hayes et al., 2006; Matos, 2020a;
Matos 2024).
Uma vasta gama de estudos tem mostrado
que a promoção da exibilidade psicológica
tem um impacto signicativo e positivo na
saúde mental, uma vez que promove compe-
tências relevantes para lidar e gerir os desaos
(Dahl et al., 2004; Harris, 2006; Hayes, 2019; Lu-
cas & Moore, 2020; Twohig et al., 2006). A exi-
bilidade psicológica mostra-se útil na distinção
entre pensamentos e comportamentos preju-
diciais e pouco valorativos, e os que funcionam
e são promotores do bem-estar (Hayes, 2019).
A exibilidade psicológica ajuda o indivíduo
a focar-se no momento presente, tornando-
-se mais resistente a experiências interiores
prejudiciais e sendo mais capaz de identicar,
nomear e gerir experiências negativas (Hayes,
2019). A ACT promove, então, uma perspetiva
mais observadora, curiosa e apreciativa, e me-
nos crítica e algo distanciada, dicultando a
“fusão com as nossas etiquetas (Hayes, 2019;
Matos, 2020; Matos 2024).
No polo oposto, encontra-se a inexibi-
lidade psicológica. Esta tem sido reportada
na literatura como promotora de maior sofri-
mento emocional e problemas de saúde física
e psicológica (Hayes et al., 2006). A literatura
sugere que pessoas que apresentam inexibi-
lidade psicológica, despendem muito recursos
na evitação experiencial, desligando-se, assim,
daquilo que valorizam (Petkus & Wetherell,
2013). O evitamento experiencial implica uma
resistência do indivíduo em experienciar pen-
samentos, sensações e emoções consideradas
desagradáveis ou indesejadas, evitando-se
experiências internas importantes e, desta for-
ma, afastando-se dos valores e objetivos im-
portantes (Bond et al., 2011; Kashdan & Kane,
2011). Ao contrário da aceitação, o evitamento
implica uma luta interna contra as experiências
internas indesejadas, resultando num agrava-
mento desses mesmos sintomas (Shalcross et
al., 2010). O evitamento experiencial tem, as-
sim, uma relação direta e inversa com a saúde
mental e satisfação com a vida (Gamez et al.,
2011; Graham et al., 2016; Sweeney, 2016) e é
um fator promotor do aparecimento e manu-
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F. BOTELHO · M. GASPAR · A. CERQUEIRA · T. GASPAR · M. RAIMUNDO · C. BRANQUINHO · C. NORONHA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
tenção de perturbações psicológicas (Afari et
al., 2019; Bohlmeijer et al., 2011; Woolf-King et
al., 2019). Outro componente da inexibilida-
de psicológica – a fusão cognitiva, referida na
literatura como a tentativa de regulação exces-
siva dos pensamentos e comportamentos, em
particular os que são causadores de sofrimen-
to, – é promotora de comportamentos inexí-
veis e rígidos, que, por sua vez, tornam o indiví-
duo menos capaz de agir de forma valorativa e
consistente com o que lhe é verdadeiramente
importante (Hayes et al., 2006).
O modelo de exibilidade psicológica, su-
gere que competências como a cisão, o con-
tacto com o momento presente, a aceitação,
bem como os processos de mudança de com-
portamento que a ACT propõe, nomeadamen-
te a identicação de valores e ações compro-
metidas, são particularmente úteis na redução
do evitamento experiencial, ajudando a pes-
soa a ir de encontro ao que é verdadeiramen-
te importante, mesmo que sintomas ansiosos
estejam presentes (Matos, 2024; Matos, 2020a;
Hayes et al., 2011; Hayes et al., 1996). Compo-
nentes como a aceitação experiencial e a cisão
cognitiva, são reportados na literatura como
preditores da satisfação com a vida (Lucas &
Moore, 2020). Oposta ao evitamento expe-
riencial, a atenção plena envolve a aceitação
das experiências internas, sem resistência ou
tentativas de as modicar, e é promotora da
atenuação de sintomas psicopatológicos e so-
frimento (Mahoney et al., 2015). Pessoas com
níveis elevados de atenção plena e que, cons-
cientemente, se foquem no momento presen-
te, tendem a fazer movimentos de aceitação,
permitindo-lhes experimentar os pensamen-
tos e emoções desagradáveis sem evitamento
ou julgamento, diminuindo os seus níveis de
sofrimento (Mahoney et al., 2015).
A exibilidade psicológica tem vindo a ser
relatada na literatura como promotora de bem-
-estar e protetora contra variadas condições
clínicas como a depressão, ansiedade, stress
no local de trabalho, abuso de substâncias,
ou problemas ligados ao sono (Bond & Bun-
ce, 2000; Dahl et al., 2004; Harris, 2006; Hayes,
2019; Krat et al., 2019; Larsson et al., 2022;
Stockton et al., 2019; Twohig et al., 2006; Zettle
& Raines, 1989). A exibilidade psicológica e a
cisão cognitiva são referidas na literatura como
tendo um efeito mediador na redução dos sin-
tomas ansiosos (Arch et al., 2012; Ruiz, 2010).
Em relação ao sono, a literatura tem apon-
tado para um efeito protetor da exibilidade
psicológica no que diz respeito à qualidade do
sono (Hayes, 2019). Numa revisão sistemática
sobre o impacto da ACT na qualidade do sono,
a maioria dos estudos apontou para um efeito
positivo e signicativo deste modelo no trata-
mento da insónia e aumento da qualidade do
sono (Castronovo et al., 2018; Jacobsen et al.,
2017; Khazaie & Zakiei, 2019; Lappalainen et
al., 2019; Salari et al., 2020).
No que diz respeito ao consumo de subs-
tâncias, estudos mostram que a ACT é ecaz
como complemento aos tratamentos ligados
ao abuso de substâncias, é útil na manutenção
da abstinência pós-tratamento, e é promotora
da procura de tratamento quando se identi-
ca um problema (Giord et al., 2004; Hayes,
2019; Lee et al., 2015). A aceitação, enquanto
competência psicológica, é particularmente
útil na gestão do sofrimento (psicológico e
6MINDFLEX/ACT: COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS PELO OLHAR DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO ...
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
físico) ligado à abstinência. A literatura relata,
que indivíduos com histórico de abuso ou de-
pendência de álcool, apresentaram níveis mais
elevados de evitamento experiencial (Levin et
al., 2012, 2014). Para além disto, o evitamento
experiencial apresenta também um efeito pre-
ditor de problemas relacionados com o con-
sumo de álcool (Levin et al., 2012). De forma
geral, a exibilidade psicológica oferece uma
alternativa na experiência de eventos internos,
uma vez que o indivíduo aprende a gerir, de
forma consciente, o que lhe causa sofrimento,
em vez de se envolver no consumo de subs-
tâncias (Lee et al., 2015).
Neste sentido, o presente estudo preten-
de validar uma nova escala de avaliação das
competências psicológicas relacionadas com
a exibilidade psicológica, concebida a partir
da tradução e adaptação de diversas escalas já
usadas e validadas, o “MindFlex/ACT (Matos,
2020b). Esta escala pretende avaliar as compe-
tências psicológicas envolvidas na exibilida-
de psicológica, e caracterizar a própria exibi-
lidade psicológica, numa perspetiva ao longo
da vida.
Método
Este estudo faz parte de um estudo mais
alargado sobre os estilos de vida, qualidade
de vida, desenvolvimento positivo, aceitação e
compromisso ao longo da vida que tem como
principal objetivo o conhecimento do estado
de saúde global, a identicação dos principais
comportamentos de saúde e determinantes
pessoais e socioambientais.
O estudo teve a aprovação da Comissão de
Ética do CENC – Centro de Electroencefalogra-
a e Neurosiologia Clínica, Lda.
Todos os participantes aceitaram participar
de forma voluntária tendo sido obtido o con-
sentimento informado de todos. As respostas
ao questionário foram obtidas online através
de publicitação nas redes sociais e sua divul-
gação através de um processo de bola de neve,
sempre de forma anónima.
Participantes
Participaram neste estudo 1174 indivíduos,
dos quais 78,4% (N=916) são do género fe-
minino, com uma idade média de 38,45 anos
(DP=13,99), compreendidos entre os 18 e os 75
anos. Os participantes são adultos que referem
residir em Portugal Continental, sendo que a
maioria refere a nacionalidade Portuguesa,
97,4% (N=1141).
Em relação ao estado civil, 44,5% são sol-
teiros, 44,8% referem ser casados ou viver em
união de facto, 8,9% são divorciados ou sepa-
rados e 1,9% viúvos. Ao nível da escolaridade,
2,5% não completou o ensino secundário,
19,1% têm até o ensino secundário concluído
e 78,4% têm licenciatura, mestrado ou douto-
ramento.
22,4% têm alguma doença crómica ou con-
dição crónica de saúde com impacto no seu
dia a dia e 32,5% tomam algum tipo de medi-
cação todos os dias.
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F. BOTELHO · M. GASPAR · A. CERQUEIRA · T. GASPAR · M. RAIMUNDO · C. BRANQUINHO · C. NORONHA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
Tabela 1
Variáveis e medidas em estudo
Variáveis Medidas
Género 1 – Masculino; 2 – Feminino
Idade 1 – Até aos 45 anos; 2 – 46 ou mais anos
Embriaguez ao logo da vida
(adaptada de Gaspar et al.,
2022; Matos & Equipa Aventura
Social, 2018)
1 – Não; 2 – Sim
Nível de stress
(adaptada de Gaspar et al., 2022;
Matos & Equipa Aventura Social,
2018)
Escala adaptada de Cantril (1965), constituída por 10 degraus, onde o degrau
mais baixo (1) corresponde a “nada stressante e o degrau mais alto (10) a
“muito stressante”.
A variável foi dicotomizada (Baixo stress, de 1 a 7) e (Elevado stress, de 8 a 10).
1 – Baixo stress; 2 – Elevado stress
Qualidade de vida (QV)
(adaptada de Gaspar et al., 2022;
Matos & Equipa Aventura Social,
2018)
Escala adaptada de Cantril (1965), constituída por 10 degraus, onde o degrau
mais baixo (1) corresponde a “muito má QV” e o degrau mais alto (10) a muito
boa QV.
A variável foi dicotomizada (QV baixa, de 1 a 7) e (QV elevada, de 8 a 10).
1 – QV baixa; 2 – QV elevada
Satisfação com a saúde
(adaptada de Gaspar et al., 2022;
Matos & Equipa Aventura Social,
2018)
Escala adaptada de Cantril (1965), constituída por 10 degraus, onde o degrau
mais baixo (1) corresponde a “Muito insatisfeito e o degrau mais alto (10) a
“muito satisfeito.
A variável foi dicotomizada (Baixa saúde, de 1 a 7) e (Elevada saúde, de 8 a 10).
1 – Baixa saúde; 2 – Elevada saúde
Qualidade do sono
(adaptada de Gaspar et al., 2022;
Matos & Equipa Aventura Social,
2018)
A variável foi dicotomizada: Baixa qualidade do sono (Muito mau + Razoavel-
mente mau + Não é especialmente bom, nem mau) e Elevada qualidade do
sono (Razoavelmente bom + Muito bom).
1 – Baixa qualidade do sono; 2 – Elevada qualidade do sono
Evitamento
(Matos, 2020b; traduzida e adap-
tada de Bond et al., 2011 em Mo-
nestés & Villatte, 2011)
Escala com 10 itens (p. ex., Tenho medo das minhas emoções” e As minhas
preocupações impedem-me de ter sucesso”), numa escala de Likert de 10
pontos, sendo 1 pouco evitamento e 10 muito evitamento. Valores mais ele-
vados revelam um maior evitamento na experiência de vida. α = .89.
Fusão cognitiva
(Matos, 2020b, traduzida e adap-
tada de Dempster et al., 2009 em
Monestés & Villatte, 2011)
Escala com 28 itens (p. ex., “Os meus pensamentos fazem-me sofrer ou tor-
nam-me triste e “Luto contra os meus pensamentos”), numa escala de Likert
de 10 pontos, sendo 1 pouca fusão e 10 muita fusão. Valores mais elevados
revelam uma maior fusão cognitiva, ou seja, uma maior colagem entre os
eventos internos (como pensamento e sentimentos) e situações externas. α
= .92.
Falta de contacto com o presente
(Matos, 2020b; traduzida e adap-
tada de Wilson et al., 2010 em
Monestés & Villatte, 2011)
Escala com 15 itens (p. ex., “Parto ou entorno coisas porque estou a pensar
noutra coisa e “Dou por mim a fazer coisas sem prestar atenção”), numa esca-
la de Likert de 10 pontos, sendo 1 muito contacto com o momento presente e
10 pouco contacto com o momento presente. Valores mais elevados revelam
menor contacto com o momento presente. α = .91.
Valores na vida
(Matos, 2020b; traduzida e adap-
tada de Wilson et al., 2010 em
Monestés & Villatte, 2011)
Escala com 10 itens (p. ex., “Relações familiares (para além do casamento e
parentalidade)”, Amigos/Relações sociais” e Vida prossional”), numa escala
de Likert de 10 pontos, sendo 1 pouco alinhado com os seus valores e 10
extremamente alinhado com os seus valores. Valores mais elevados revelam
uma ação mais alinhada com os seus valores. α = .81.
8MINDFLEX/ACT: COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS PELO OLHAR DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO ...
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
Medidas e variáveis
Tendo em conta o objetivo em estudo, fo-
ram consideradas as seguintes variáveis pre-
sentes na Tabela 1.
Análise de dados
Os dados foram analisados usando o SPSS
versão 28 para IOS. Foi efetuada uma estatísti-
ca descritiva, para caracterizar os participantes.
De modo a explorar as relações entre as variá-
veis deste estudo, analisaram-se as correlações
existentes, através do Coeciente de Correla-
ção de Pearson. Em seguida, para se vericar se
existiam diferenças entre as variáveis sociode-
mográcas (i.e., género, idade, consumos, ní-
vel de stress, qualidade de vida, satisfação com
a saúde, satisfação com a vida sexual e quali-
dade do sono) e as dimensões do MindFlex/
ACT utilizou-se a análise da variância (ANOVA).
A associação entre a “exibilidade psicológica,
a curiosidade e abertura e a qualidade de
vida, com as variáveis sociodemográcas sig-
nicativas para o estudo foi analisada através
de modelos de regressão linear independen-
tes, ajustados à idade e género, com um nível
de signicância de p<0.05.
Resultados
A análise das sub-escalas do MindFlex/ACT
(Tabela 2) mostrou uma boa consistência inter-
na para todos as dimensões, com valores que
variam entre α=0,92 na dimensão “fusão cog-
nitiva e α=0,81 na dimensão “valores na vida
e “exibilidade.
Vericam-se correlações signicativas en-
tre as sub-escalas do MindFlex/ACT (Tabela 3),
Variáveis Medidas
Flexibilidade
(Matos, 2020b, a partir de Hayes &
Strosahl, 2005)
Escala com 5 itens (p. ex., “Se de repente tiver de mudar planos porque me
surge um imprevisto não co inquieto(a) ou aborrecido(a)” e “Quando me
telefonam numa altura em que estou embrenhado(a) noutra tarefa não co
incomodado(a)”), numa escala de Likert de 10 pontos, sendo 1 muito pouco
exível e 10 muito exível. Valores mais elevados revelam uma maior exibi-
lidade. α = .81.
Curiosidade e abertura
(Matos, 2020b, a partir de Hayes &
Strosahl, 2005)
Escala com 5 itens (p. ex., “Sinto-me desaado(a) e agradado(a) quando me
propõem algo inovador” e “Gosto de me deixar surpreender por experiências,
pessoas ou situações novas”), numa escala de Likert de 10 pontos, sendo 1
muito pouco curioso e 10 muito curioso. Valores mais elevados revelam uma
maior curiosidade e abertura. α = .82.
Tabela 2
Estatística descritiva das dimensões do MindFlex/ACT
Variáveis Nº itens N Mín. – Máx. M DP α
Evitamento 10 1174 15 – 93 45,22 15,99 .89
Fusão cognitiva 28 1174 29 – 241 127,62 38,44 .92
Falta de contacto com o presente 15 1174 15 – 150 62,89 25,51 .91
Valores na vida 10 1174 10 – 100 84,99 10,85 .81
Flexibilidade 5 1174 5 – 50 30,89 9,62 .81
Curiosidade e abertura 5 1174 5 – 50 38,45 7,03 .82
Abreviaturas: N, Número de participantes; Mín., Mínimo, Máx., Máximo; M, Média; DP, Desvio-Padrão.
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F. BOTELHO · M. GASPAR · A. CERQUEIRA · T. GASPAR · M. RAIMUNDO · C. BRANQUINHO · C. NORONHA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
com exceção da correlação entre a dimensão
evitamento” e a dimensão “falta de contacto
com o presente.
A correlação mais elevada é entre a dimen-
são evitamento e a dimensão “fusão cogniti-
va (r=0,798) e a correlação mais baixa (e ne-
gativa) é entre a dimensão “falta de contacto
com o presente e a dimensão “valores na vida
(r=-0,086).
Na Tabela 4, encontra-se a descrição das va-
riáveis moderadoras em estudo.
Género
A Tabela 5 foram encontradas diferenças
signicativas associadas ao género em quatro
das dimensões do MindFlex/ACT: evitamento,
“fusão cognitiva, “falta de contacto com o pre-
sente e “valores na vida.
Tabela 3
Correlação entre as dimensões do MindFlex/ACT
Variáveis E F FCCP VV FCA
Evitamento (MindFlex/ACT-E) --
Fusão cognitiva (MindFlex/ACT-FC) 0,798*** --
Falta de contacto com o presente (Min-
dFlex/ACT-FCCP)0,532*** 0,598*** --
Valores na vida (MindFlex/ACT-VV) -0,053 -0,112*** -0,086** --
Flexibilidade (MindFlex/ACT-F) -0,451*** -0,518*** -0,513*** 0,097*** --
Curiosidade e abertura (MindFlex/ACT-CA) -0,131*** -0,211*** -0,090** 0,366*** 0,231*** --
Tabela 4
Características da população
% (n)
Género
Masculino
Feminino
21,6 (253)
78,4 (916)
Idade
Até aos 45 anos
46 ou mais anos
51,5 (605)
48,5 (569)
Stress
Baixo
Elevado
68,1 (800)
31,9 (374)
Qualidade de vida (QV)
Baixa
Elevada
45,6 (535)
54,4 (639)
Satisfação com a saúde
Baixa
Elevado
42,8 (503)
57,2 (671)
Qualidade do sono
Baixa
Elevada
50,0 (587)
50,0 (587)
Embriaguez ao longo da vida
Não
Sim
34,2 (401)
65,8 (773)
10 MINDFLEX/ACT: COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS PELO OLHAR DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO ...
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
As mulheres apresentam mais evitamento
e mais fusão cognitiva, mais falta de contacto
com o presente e maior importância dos valo-
res na vida, em comparação com os homens.
Por outro lado, os homens apresentam maior
exibilidade.
Idade
Vericam-se diferenças estatisticamente
signicativas entre os dois grupos de idade,
em todas as subescalas em estudo (Tabela 6),
com exceção doa “valores na vida.
Os indivíduos mais novos, apresentam mais
evitamento, mais fusão cognitiva, e mais falta
de contacto com o presente, em comparação
com os mais velhos. Por sua vez, os indivíduos
mais velhos, apresentam uma maior exibili-
dade.
Nível de stress
Verica-se a existência de diferenças signi-
cativas entre o nível de stress (Tabela 7), em
relação a todas as subescalas em estudo, com
exceção da dimensão curiosidade e abertura.
Os indivíduos com um nível de stress mais
baixo apresentam mais exibilidade. São os
indivíduos com elevado stress os que apresen-
tam mais evitamento, mais fusão cognitiva,
Tabela 5
ANOVA para comparação de médias – Diferenças de género
Masculino Feminino
M DP M DP F
Evitamento 41,47 15,32 46,22 16,00 17,81***
Fusão cognitiva 121,63 36,60 129,13 38,67 7,62**
Falta de contacto com o presente 59,30 25,76 63,86 25,38 6,36**
Valores na vida 82,97 11,97 85,58 10,44 11,59***
Flexibilidade 32,20 9,01 30,54 9,76 5,88**
Curiosidade e abertura 37,90 6,82 38,66 7,00 2,35
***p < 0,001; **p < 0,01
Abreviaturas: M, Média; DP, Desvio-Padrão.
Tabela 6
ANOVA para comparação de médias – Diferenças de grupo de idade
Até aos 45 anos 46 ou mais anos
M DP M DP F
Evitamento 47,36 16,54 42,94 15,05 22,81***
Fusão cognitiva 135,32 38,82 119,43 36,30 52,28***
Falta de contacto com o presente 66,17 26,94 59,41 23,43 20,95***
Valores na vida 85,41 10,64 84,55 11,07 1,84
Flexibilidade 29,87 9,84 31,96 9,28 13,96***
Curiosidade e abertura 38,14 7,51 38,77 6,47 2,403
***p < 0,001; * p < 0,05
Abreviaturas: M, Média; DP, Desvio-Padrão.
11
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Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
mais falta de contacto com o momento pre-
sente, e mais valores na vida.
Perceção de qualidade de vida
Foram encontradas diferenças signicativas
ligadas a qualidade de vida dos indivíduos e
todas as dimensões em estudo (Tabela 8). Os
indivíduos com uma maior qualidade de vida
apresentam menos evitamento, menos fusão
cognitiva, menos falta de contacto com o mo-
mento presente, mais valores na vida, mais e-
xibilidade, mais curiosidade/ abertura, quando
comparados com os indivíduos com uma qua-
lidade de vida baixa.
Satisfação com a saúde
Na Tabela 9, verica-se a existência de dife-
renças signicativas entre ter ou não satisfação
com a saúde, em relação a todas as subescalas
em estudo.
Os indivíduos com maior satisfação com
a sua saúde apresentam menos evitamento,
menos fusão cognitiva, menos falta de con-
tacto com o momento presente, mais valores
na vida, mais exibilidade e mais curiosidade/
abertura quando comparados com os indiví-
duos com uma perceção de saúde mais baixa.
Tabela 7
ANOVA para comparação de médias – Diferenças de nível de stress
Baixo stress Elevado stress
M DP M DP F
Evitamento 42,20 14,63 51,68 16,83 97,09***
Fusão cognitiva 121,49 36,51 140,74 39,20 67,58***
Falta de contacto com o presente 58,59 23,12 72,10 27,88 76,09***
Valores na vida 84,34 11,35 86,39 9,57 9,17**
Flexibilidade 31,96 9,51 28,59 9,47 32,09***
Curiosidade e abertura 38,43 6,90 38,49 7,31 0,02
***p < 0,001; **p < 0,01
Abreviaturas: M, Média; DP, Desvio-Padrão.
Tabela 8
ANOVA para comparação de médias – Diferenças da perceção de qualidade de vida
Qualidade de vida baixa Qualidade de vida elevada
M DP M DP F
Evitamento 50,40 16,04 40,88 14,59 113,06***
Fusão cognitiva 139,47 36,94 117,70 36,85 101,41***
Falta de contacto com o presente 67,99 26,36 58,63 23,99 40,45***
Valores na vida 82,81 11,26 86,82 10,16 41,10***
Flexibilidade 29,01 9,66 32,46 9,32 38,53***
Curiosidade e abertura 37,34 7,22 39,37 6,73 24,61***
***p < 0,001; * p < 0,05
Abreviaturas: M, Média; DP, Desvio-Padrão.
12 MINDFLEX/ACT: COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS PELO OLHAR DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO ...
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
Qualidade do sono
Na Tabela 10, verica-se a existência de dife-
renças signicativas para a qualidade do sono,
em relação todas as escalas em estudo.
Os indivíduos com uma maior qualidade do
sono referem menos evitamento, menos fusão
cognitiva, menos falta de contacto com o mo-
mento presente, mais valores na vida, mais e-
xibilidade e mais curiosidade/abertura.
Embriaguez/ Abuso de álcool
Foram encontradas diferenças estatistica-
mente signicativas para a embriaguez e as
dimensões “evitamento”, “falta de contacto
com o presente e “exibilidade (Tabela 11).
Os indivíduos que já se embriagaram ao longo
da vida apresentam valores mais elevados de
evitamento e de falta de contacto com o pre-
sente. Por sua vez, os indivíduos que referem
não se terem embriagado ao longo da vida,
apresentam maior exibilidade.
Flexibilidade psicológica no MindFlex/ACT
Na Tabela 12, o modelo apresentado pre-
tende explicar e compreender o valor predi-
tivo das diferentes sub escalas do MindFlex/
ACT para a exibilidade psicológica. Encon-
trou-se um modelo ajustado, F(7,1168)=91,20;
p≤0.001, apresentando um valor explicativo
Tabela 9
ANOVA para comparação de médias – Diferenças no grau de satisfação com a saúde
Baixa satisfação com a saúde Elevada satisfação com a saúde
M DP M DP F
Evitamento 49,64 16,51 41,90 14,73 71,44***
Fusão cognitiva 137,93 39,19 119,89 36,00 66,94***
Falta de contacto com o presente 67,65 26,59 59,33 24,09 31,37***
Valores na vida 82,66 11,91 86,74 9,64 42,05***
Flexibilidade 29,39 9,80 32,00 9,34 21,50***
Curiosidade e abertura 37,32 7,53 39,29 6,51 23,13***
***p < 0,001
Abreviaturas: M, Média; DP, Desvio-Padrão.
Tabela 10
ANOVA para comparação de médias – Diferenças de qualidade do sono
Baixa qualidade do sono Elevada qualidade do sono
M DP M DP F
Evitamento 49,83 16,12 40,61 14,45 106,55***
Fusão cognitiva 138,49 38,07 116,74 35,64 102,07***
Falta de contacto com o presente 68,42 25,80 57,37 24,01 57,67***
Valores na vida 83,68 11,68 86,30 9,79 17,30***
Flexibilidade 29,25 9,41 32,52 9,57 34,99***
Curiosidade e abertura 37,55 7,29 39,34 6,65 19,40**
***p < 0,001; **p < 0,01
Abreviaturas: M, Média; DP, Desvio-Padrão.
13
F. BOTELHO · M. GASPAR · A. CERQUEIRA · T. GASPAR · M. RAIMUNDO · C. BRANQUINHO · C. NORONHA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
de 35,1% da variância. O modelo foi ajustado
ao género e à idade
Segundo este modelo, podemos vericar
que a curiosidade e abertura tem uma associa-
ção positiva com a exibilidade psicológica e
por outro lado, a fusão cognitiva e a falta de
contacto com o momento presente apresen-
tam uma relação negativa com a exibilidade
psicológica.
Neste sentido, ter uma maior curiosidade e
abertura, menos fusão cognitiva e maior con-
tacto com o presente surge associado a uma
maior exibilidade psicológica.
Esta análise global (Tabela 12) foi feita ajus-
tando para a idade e género, mas uma vez que
na análise bivariada anterior (ver Tabela 5) fo-
ram encontradas diferenças nos grupos deni-
dos pelo género apresentamos o mesmo mo-
delo de regressão feito separadamente para
homens e mulheres (ver Tabela 13 e 14).
Flexibilidade psicológica para o género
masculino no MindFlex/ACT
Na Tabela 13, o modelo apresentado pre-
tende explicar e compreender o valor predi-
tivo das diferentes sub escalas do MindFlex/
ACT para a exibilidade psicológica no gé-
Tabela 11
Análise ANOVA de comparação de médias – Diferenças embriaguez ao longo da vida
Não Sim
M DP M DP F
Evitamento 43,77 16,56 45,97 15,63 5,04*
Fusão cognitiva 126,48 38,13 128,21 38,60 0,53
Falta de contacto com o presente 59,83 26,25 64,49 25,00 8,87**
Valores na vida 84,76 11,82 85,11 10,32 0,27
Flexibilidade 31,91 10,44 30,36 9,13 6,01**
Curiosidade e abertura 37,98 7,41 38,69 6,82 2,67
***p < 0,001; **p < 0,01, *p < 0,05
Abreviaturas: M, Média; DP, Desvio-Padrão.
Tabela 12
Regressão linear das dimensões do instrumento MindFlex/ACT para o estudo da exibilidade psi-
cológica
Coeciente não padronizado Coeciente padronizado t
B Erro padrão β
Evitamento -0,04 0,02 -0,07 -1,83
Fusão cognitiva -0,06 0,01 -0,24 -5,44***
Falta de contacto com o presente -0,12 0,01 -0,32 -10,78***
Valores na vida -0,01 0,02 -0,01 -0,46
Curiosidade e abertura 0,21 0,04 0,15 5,72***
Os resultados foram ajustados à idade e ao género.
As variáveis foram inseridas utilizando o modo enter.
***p≤0.001
14 MINDFLEX/ACT: COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS PELO OLHAR DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO ...
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
nero masculino. Encontrou-se um modelo,
F(6,252)=19,57; p≤0.001, apresentando um va-
lor explicativo de 31,0% da variância. O mode-
lo foi ajustado à idade.
Segundo este modelo, podemos vericar
que a fusão cognitiva e a falta de contacto com
o momento presente apresentam uma relação
negativa com a exibilidade psicológica dos
indivíduos do género masculino.
Neste sentido, ter uma menor fusão cogni-
tiva e maior contacto com o presente surge as-
sociado a uma maior exibilidade psicológica
no género masculino. A Curiosidade e Abertu-
ra não se mostraram signicativos no género
masculino.
Flexibilidade psicológica para o género fe-
minino no MindFlex/ACT
Na Tabela 14, o modelo apresentado pre-
tende explicar e compreender o valor predi-
tivo das diferentes sub escalas do MindFlex/
ACT para a exibilidade psicológica no gé-
nero feminino. Encontrou-se um modelo,
F(6,915)=86,65; p≤0.001, apresentando um va-
lor explicativo de 36,0% da variância. O mode-
lo foi ajustado à idade.
Segundo este modelo, existe uma relação
positiva entre a curiosidade e abertura e a e-
xibilidade psicológica para o género feminino.
Por outro lado, a fusão cognitiva e a falta de
contacto com o momento presente apresen-
tam também no género feminino uma relação
negativa com a exibilidade psicológica.
Neste sentido, ter uma maior curiosidade e
abertura, menos fusão cognitiva e maior con-
tacto com o presente surge associado a uma
maior exibilidade psicológica no género fe-
minino. Isto é no modelo global a Curiosidade
e a Abertura aparecem como signicativamen-
te associados à Flexibilidade Psicológica, mas
tal apenas ocorre no género feminino, apesar
de, como se viu na Tabela 5, não haver diferen-
ças de géneros para esta sub-escala.
Uma análise global (Tabela 13) foi feita ajus-
tanda para a idade e o género, mas uma vez que
na análise bivariada anterior (ver Tabela 6) fo-
ram encontradas diferenças nos grupos deni-
dos pela idade, apresenta-se o mesmo modelo
Tabela 13
Regressão linear das dimensões do instrumento MindFlex/ACT para o estudo da exibilidade psi-
cológica no género masculino
Coeciente não padronizado Coeciente padronizado t
B Erro padrão β
Evitamento -0,04 0,05 -0,06 -0,70
Fusão cognitiva -0,07 0,02 -0,28 -2,96**
Falta de contacto com o presente -0,11 0,02 -0,30 -4,27***
Valores na vida 0,06 0,05 0,07 1,30
Curiosidade e abertura 0,06 0,08 0,04 0,70
Os resultados foram ajustados à idade.
As variáveis foram inseridas utilizando o modo enter”.
**p≤0.01; ***p≤0.001
15
F. BOTELHO · M. GASPAR · A. CERQUEIRA · T. GASPAR · M. RAIMUNDO · C. BRANQUINHO · C. NORONHA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
de regressão feito separadamente para mais
novos e mais velhos (ver Tabela 15 e 16).
Flexibilidade psicológica dos indivíduos
mais novos no MindFlex/ACT
Na Tabela 15, o modelo apresentado pre-
tende explicar e compreender o valor predi-
tivo das diferentes sub escalas do MindFlex/
ACT para a exibilidade psicológica dos indi-
víduos mais novos. Encontrou-se um modelo,
F(6,599)=56,86; p≤0.001, apresentando um va-
lor explicativo de 35,9% da variância. O mode-
lo foi ajustado ao género.
Segundo este modelo, podemos vericar
que a fusão cognitiva e a falta de contacto com
o momento presente apresentam uma relação
negativa com a exibilidade psicológica dos
indivíduos mais novos. Por outro lado, a curio-
sidade e abertura apresenta uma relação posi-
tiva com a exibilidade psicológica.
Neste sentido, ter uma menor fusão cogni-
tiva, maior contacto com o presente e curiosi-
dade e abertura surge associado a uma maior
exibilidade psicológica dos indivíduos mais
novos.
Tabela 14
Regressão linear das dimensões do instrumento MindFlex/ACT para o estudo da exibilidade psi-
cológica no género feminino
Coeciente não padronizado Coeciente padronizado t
B Erro padrão β
Evitamento -0,04 0,03 -0,07 -1,58
Fusão cognitiva -0,06 0,01 -0,23 -4,61***
Falta de contacto com o presente -0,13 0,01 -0,33 -10,06***
Valores na vida -0,03 0,03 -0,04 -1,21
Curiosidade e abertura 0,24 0,04 0,17 5,93***
Os resultados foram ajustados à idade.
As variáveis foram inseridas utilizando o modo enter”.
***p≤0.001
Tabela 15
Regressão linear das dimensões do instrumento MindFlex/ACT para o estudo da exibilidade psi-
cológica dos indivíduos mais novos
Coeciente não padronizado Coeciente padronizado t
B Erro padrão β
Evitamento -0,02 0,03 -0,04 -0,67
Fusão cognitiva -0,06 0,02 -0,25 -4,37***
Falta de contacto com o presente -0,13 0,02 -0,35 -8,49***
Valores na vida -0,01 0,03 -0,01 0,27
Curiosidade e abertura 0,18 0,05 0,14 3,70***
Os resultados foram ajustados ao género.
As variáveis foram inseridas utilizando o modo enter”.
16 MINDFLEX/ACT: COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS PELO OLHAR DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO ...
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
Flexibilidade psicológica dos indivíduos
mais velhos no MindFlex/ACT
Na Tabela 16, o modelo apresentado pre-
tende explicar e compreender o valor predi-
tivo das diferentes sub escalas do MindFlex/
ACT para a exibilidade psicológica dos indi-
víduos mais velhos. Encontrou-se um modelo,
F(6,568)=46,13; p≤0.001, apresentando um va-
lor explicativo de 32,3% da variância. O mode-
lo foi ajustado ao género.
Segundo este modelo, existe uma relação
positiva entre a curiosidade e abertura e a e-
xibilidade psicológica para os indivíduos mais
novos. Por outro lado, o evitamento, a fusão
cognitiva e a falta de contacto com o momen-
to presente apresentam também para os indi-
víduos mais velhos uma relação negativa com
a exibilidade psicológica.
Neste sentido, ter menor evitamento e fu-
são cognitiva, maior contacto com o presente
e uma maior curiosidade e abertura surge as-
sociado a uma maior exibilidade psicológica
dos indivíduos mais velhos.
Flexibilidade psicológica e o estilo de vida
O modelo apresentado na Tabela 17 pre-
tende explicar e compreender o valor predi-
tivo das variáveis relativas ao estilo de vida
na exibilidade psicológica. O modelo inclui
variáveis signicativas nas análises bivaria-
Tabela 16
Regressão linear das dimensões do instrumento MindFlex/ACT para o estudo da exibilidade psi-
cológica dos indivíduos mais velhos
Coeciente não padronizado Coeciente padronizado t
B Erro padrão β
Evitamento -0,07 0,04 -0,12 -1,98*
Fusão cognitiva -0,05 0,02 -0,20 -3,16**
Falta de contacto com o presente -0,12 0,02 -0,29 -6,66***
Valores na vida -0,01 0,03 -0,01 -0,38
Curiosidade e abertura 0,24 0,05 0,17 4,48***
Os resultados foram ajustados ao género.
As variáveis foram inseridas utilizando o modo enter”.
*p≤0.05; ***p≤0.001; ***p≤0.001
Tabela 17
Regressão linear das variáveis relativas ao estilo de vida no estudo da exibilidade psicológica
Coeciente não padronizado Coeciente padronizado t
B Erro padrão β
Nível de stress -2,19 0,61 -0,11 -3,61***
Qualidade de vida 2,04 0,61 0,12 3,38***
Satisfação com a saúde 1,01 0,60 0,05 1,67
Qualidade do sono 1,92 0,59 0,10 3,27***
Embriaguez ao logo da vida -1,18 0,58 -0,06 -2,05*
Os resultados foram ajustados à idade e ao género.
As variáveis foram inseridas utilizando o modo enter.
*p≤0.05; ***p≤0.001
17
F. BOTELHO · M. GASPAR · A. CERQUEIRA · T. GASPAR · M. RAIMUNDO · C. BRANQUINHO · C. NORONHA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
da, ajustadas ao género e ao grupo de idade,
F(7,1168)=14,81; p≤0.001, e apresenta um va-
lor explicativo da variância de 7,6%.
Segundo este modelo, a exibilidade psi-
cológica é melhor explicada pela qualidade de
vida e pela qualidade do sono. Por outro lado,
o nível de stress e a embriaguez ao longo da
vida, apresentam uma relação inversa com a
exibilidade psicológica.
Neste sentido, ter uma melhor perceção de
qualidade de vida, melhor qualidade de sono,
menos stress e não se ter embriagado ao longo
da vida surgem associados a uma maior exi-
bilidade psicológica.
Discussão e conclusões
O presente estudo tem como objetivo ex-
plorar um conjunto de subescalas do Mind-
Flex/ACT, instrumento desenhado a partir de
escalas adaptadas referentes a diversas dimen-
sões relacionadas com as competências psico-
lógicas relevantes na Terapia da Aceitação e
Compromisso (ACT)/ Terapias Cognitivo-Com-
portamentais, relacionando-as com o género e
a idade e algumas dimensões do estilo de vida
e da perceção de saúde dos indivíduos.
O estudo contém algumas limitações que
devem ser tidas em conta: 1) Trata-se de um
estudo com dados de auto-reporte (onde é
possível correr algum enviesamento por parte
dos jovens); 2) É um estudo com um desenho
transversal, não permitindo fazer inferências
de causalidade; 3) Existiu um maior número de
respostas por parte do género feminino, o que
pode ocasionar algum enviesamento. Apesar
destas limitações, o estudo apresenta um con-
junto de vantagens: 1) É um estudo de grande
escala; 2) Segue uma metodologia rigorosa e
todos os pressupostos éticos; 3) Contribui para
um maior conhecimento da população adulta
portuguesa sobre a exibilidade psicológica e
estilos de vida, qualidade de vida, ao longo da
vida.
Os resultados revelam diferenças signicati-
vas para todas as variáveis sociodemográcas
e de estilo de vida em estudo: género, idade,
consumos de substâncias (embriaguez), nível
de stress, qualidade de vida, satisfação com a
saúde e a qualidade do sono.
De acordo com o modelo ACT (Hayes, 2005)
encontraram-se, conforme previsível, corre-
lações positivas entre o evitamento, a fusão
cognitiva e a falta de contato com o momen-
to presente, e correlações com a exibilidade
e valores na vida. Com efeito, o evitamento e
a fusão com o momento presente incluem-
-se num registo individual de afastamento de
tudo o que pode implicar algum sofrimento,
enquanto a proximidade com os valores da
vida se encontra no registo de aproximação do
que é importante.
A aproximação dos valores de vida e o
abandono do registo de fusão cognitiva e de
evitamento através de um aumento da exibi-
lidade psicológica é, na verdade, um dos obje-
tivos da ACT (Harris, 2006; Hayes, 2005; Hayes
et al., 1999).
Os homens descrevem-se como mais exí-
veis, e concomitantemente com menos evita-
mento, menos fusão cognitiva e mais contacto
com o momento presente. A mulheres apare-
cem como menos exíveis, apesar de mais im-
plicadas nos valores da vida.
18 MINDFLEX/ACT: COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS PELO OLHAR DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO ...
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
Também os mais velhos se descrevem como
mais exíveis, com menos evitamento, menos
fusão cognitiva e mais contacto com o momen-
to presente. A literatura diverge nesta compa-
ração por género, não estando sempre a exi-
bilidade psicológica signicativamente corre-
lacionada com a idade (Xiong et al., 2021). Um
estudo de Mahoney e colaboradores (2015),
no entanto, relata um padrão semelhante: os
adultos mais jovens apresentam níveis mais
elevados de evitamento experiencial. Uma vez
que o evitamento experiencial funciona como
uma estratégia de coping, estes resultados são
congruentes com a literatura que refere que
adultos mais velhos, geralmente, apresentam
estratégias de coping mais adaptativas (Segal
et al., 2001). A par disto, a literatura também
refere que adultos mais velhos apresentam
níveis mais elevados de atenção plena (Maho-
ney et al., 2015). Desta forma, a idade parece
promover uma aceitação de todas experiên-
cias internas, sem resistência ou julgamento
(Mahoney et al., 2015).
Quando analisamos questões relaciona-
das com a perceção da qualidade de vida, do
stress, e da saúde, reencontramos este padrão
de associação de situações menos vantajosas
(menos qualidade de vida, menos satisfação
com a saúde e menos qualidade do sono) a
um maior evitamento, fusão cognitiva e falta
de contacto pelo momento presente, enquan-
to que a situação mais vantajosa aparece em
geral associada não só a uma maior exibi-
lidade psicológica como a uma maior proxi-
midade com os seus valores na vida e a uma
maior curiosidade/ abertura (Dahl et al., 2004;
Harris, 2006; Hayes, 2019; Lucas & Moore, 2020;
Twohig et al., 2006).
Também o abuso de álcool (embriaguez)
segue este padrão de associação ao evitamen-
to e a um menor contacto com o momento
presente, enquanto o não consumo está as-
sociado a uma maior exibilidade. A literatura
apoia estes resultados, relatando que compo-
nentes da inexibilidade psicológica, como o
evitamento, estão ligados a problemas relacio-
nados com consumos (Levin et al., 2012, 2014).
A partir de um modelo de regressão múl-
tipla usando como variáveis independentes
a perceção de bem-estar e estilos de vida, a
exibilidade psicológica é melhor explicada
com uma associação positiva com a qualidade
de vida e com a qualidade do sono. Por outro
lado, o nível de stress e a embriaguez ao lon-
go da vida, apresentam uma relação negativa
com a exibilidade psicológica isto é ter uma
melhor perceção de qualidade de vida, melhor
qualidade de sono, menos stress e não se em-
briagar surge associado a uma maior exibili-
dade psicológica (Lee et al., 2015; Lappalainen
et al., 2019; Levin et al., 2012, 2014; Salari et al.,
2020).
A partir de um modelo de regressão múlti-
pla usando como variáveis independentes as
diversas dimensões consideradas no Hexaex
(Hayes, 2005) a exibilidade psicológica é me-
lhor explicada pela curiosidade e abertura.
Por outro lado, a fusão cognitiva e a falta de
contacto com o presente apresentam uma re-
lação negativa com a exibilidade psicológica.
Curiosamente, o evitamento consta no mode-
lo Hexaex e está correlacionado com a fusão
cognitiva, contudo no presente modelo não
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Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 184
aparece associado a exibilidade psicológica.
Também a aproximação aos valores na vida
não aparece signicativamente associada à
exibilidade psicológica.
Uma maior curiosidade e abertura ao des-
conhecido e ao novo, assim como uma menor
fusão cognitiva e menor falta de contacto com
o presente, surgem associados a uma maior
exibilidade psicológica. Embora a nível bi-
variado não existam diferenças de género na
curiosidade e abertura ao desconhecido, estas
estão associadas à exibilidade psicológica, no
género feminino.
Uma maior curiosidade e abertura ao des-
conhecido e ao novo, assim como uma menor
fusão cognitiva e menor falta de contacto com
o presente, surgem associados a uma maior
exibilidade psicológica tanto no grupo dos
mais velhos como no grupo dos mais novos.
No entanto no grupo dos mais velhos o evita-
mento aparece signicativa e negativamente
associado à Flexibilidade Psicológica o que
não acontece no grupo dos mais novos. Este
primeiro estudo exploratório destinou-se a
usar integralmente as subescalas do Mindex/
ACT traduzidas e adaptadas a partir de propos-
tas de autores consagrados no estudo e aplica-
ção da ACT, como se consulta nas referências
iniciais de cada subescala) relacionando-as
com algumas dimensões do estilo de vida. Este
conjunto de subescalas original foi submetido
a uma Análise Fatorial Exploratória e uma Aná-
lise Fatorial Exploratória cando disponível
muito em breve, para a prática Clínica e para a
Investigação, uma versão reduzida (Gaspar et
al., in prep).
Mensagens-chave
Tendo em conta o trabalho apresentado, é
importante destacar as seguintes mensagens:
- A exibilidade psicológica é um fator cru-
cial para o bem-estar geral dos indivíduos,
associada, a uma maior qualidade de vida,
maior qualidade de sono, menor nível de
stress e menor consumo excessivo de ál-
cool;
- As mulheres apresentam menor exibili-
dade psicológica, embora se considerem,
mais alinhadas com os seus valores de vida.
Por outro lado, os homens apresentam
maior exibilidade psicológica, com menor
evitamento, menor fusão cognitiva e maior
contacto com o momento presente;
- É importante promover abordagens que in-
centivem comportamentos mais saudáveis
(p. ex., higiene de sono, redução do consu-
mo abusivo de álcool), associáveis a uma
maior exibilidade psicológica;
- Ao nível das politicas públicas, nomeada-
mente na área da educação e da saúde,
implementar programas de intervenção a
nível das famílias, da escola e dos municí-
pios, que promovam na população estraté-
gias de promoção da exibilidade psicoló-
gica associadas a uma maior perceção de
bem-estar, perceção de qualidade de vida,
melhor gestão do stress e estilos de e vida
mais saudáveis, maior curiosidade e abertu-
ra face ao desconhecido, com especial foco
na população feminina.
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