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Análisis y Modicación de Conducta
2024, Vol. 50, Nº 182, 129-144
ISSN: 0211-7339
Promoção do Envelhecimento Saudável e Ativo na Cidade
Promoting Healthy and Active Ageing in the City
Maria Cristina Faria
Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Beja, Portugal
Observatório das Dinâmicas do Envelhecimento no Alentejo do IPBeja
CinTurs – Centro de Investigação em Turismo, Sustentabilidade e Bem-estar da UAlg, Portugal
Resumo
O envelhecimento pode ser compreendido numa
perspetiva positiva a caminho de uma longevidade,
que se pretenda que seja digna, segura, feliz e com
qualidade de vida. A opção por investir em percursos
de envelhecimento saudável e ativo para todos é de
responsabilidade individual e social e tem impacto a
nível local e global. A tomada desta decisão permite
que as pessoas percebam o seu potencial a desenvol-
ver, os cuidados a ter com a sua saúde e se disponibili-
zem para a promoção do seu próprio bem-estar. A Dé-
cada do Envelhecimento Saudável (2020-2030) é uma
oportunidade para pensar melhor o envelhecimento,
concertar sinergias multidisciplinares, realizar adap-
tações e investimentos para promover o envelheci-
mento saudável, compreendido numa perspetiva de
desenvolvimento e manutenção da capacidade fun-
cional, que permite o bem-estar na velhice. Essa capa-
cidade funcional é determinada pela capacidade in-
trínseca de um indivíduo, pelo ambiente em que vive
e pelo as interações entre eles. O presente trabalho
tem como principal objetivo destacar como o envel-
hecimento saudável e ativo se encontra ligado à pro-
moção da saúde, à aprendizagem ao longo da vida, à
monitorização das políticas públicas através das indi-
cações do Active Ageing Index (AAI) e do AgeWatch
Index (AWI) e às comunidades pro-envelhecimento e
pró-longevidade. Foi realizada uma revisão da litera-
tura para integrar as informações, gerando reexões
que auxiliam a tomada de decisões e estratégias que
conduzam a boas práticas.
PalavRas chave
Adultos mais velhos, Gerontologia, Psicologia da
Saúde, Envelhecimento Saudável, Aging in Place.
abstRact
Ageing can be understood from a positive pers-
pective on the path to longevity, which is intended to
be dignied, safe, happy and with quality of life. The
choice to invest in healthy and active aging pathways
for everyone is an individual and social responsibility
and has an impact at a local and global level. Making
this decision allows people to realize their potential to
develop, the care they need to take with their health
and to make themselves available to promote their
own well-being. The Decade of Healthy Ageing (2020-
2030) is an opportunity to think better about ageing,
coordinate multidisciplinary synergies, make adap-
tations and investments to promote healthy aging,
understood from the perspective of developing and
maintaining functional capacity, which allows for
well-being in old age. This functional capacity is de-
termined by an individual’s intrinsic capacity, by the
environment in which he or she lives and by the in-
teractions between them. The main objective of this
work is to highlight how healthy and active aging is
linked to health promotion, lifelong learning, monito-
ring public policies through the indications of the Ac-
tive Ageing Index (AAI) and the AgeWatch Index (AWI
) and the pro-aging and pro-longevity communities.
A literature review was carried out to integrate infor-
mation, generating reections that help decision-ma-
king and strategies that lead to good practices.
KeywoRds
Older adults, Gerontology, Health Psychology,
Healthy ageing, Ageing in Place.
Correspondencia: Maria Cristina Faria. Escola Superior de Educação. Rua Pedro Soares, 7800-295 Beja, Portugal. E-mail: mcfaria@ipbeja.pt
Recibido: 01/12/2023; aceptado: 29/12/2023
130 PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E ATIVO NA CIDADE
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
Promoção da saúde a nível local e global
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-
1945) as evidências mostraram a relevância
do comportamento na saúde e na prevenção
das doenças. O estudo pioneiro publicado por
Morris, Heady, Rae, Roberts e Parks (1953, cit.
in Ribeiro, 2004) destacou a relação entre a fal-
ta da atividade física no trabalho e a doença
coronária. Na compreensão de um modelo da
história natural sobre a doença Leavell e Clark
(1965, cit. in Buss, 2012) consideraram três
níveis de prevenção: (1) Prevenção Primária
(Promoção da Saúde e Proteção especíca);
(2) Prevenção Secundária (Diagnóstico e Tra-
tamento Precoce); e (3) Prevenção Terciária
(Reabilitação). No primeiro nível de prevenção
as medidas a serem adotadas servem para au-
mentar a saúde e o bem-estar gerais, onde a
educação e a motivação sanitárias, centradas
no indivíduo, com projeção na família e nos
grupos, desempenham um papel relevan-
te, mas, com alguns limites. Não é possível
alargar os conceitos para o caso das doenças
crónicas não transmissíveis. De acordo com os
autores, a partir do movimento da prevenção
das doenças crónicas, a promoção da saúde
passou a estar ligada a medidas preventivas
sobre o ambiente físico e sobre os estilos de
vida, e não só aos indivíduos e famílias. Neste
contexto, num primeiro momento, a promo-
ção da saúde pode ser compreendida como
um conjunto de ações dirigidas à mudança de
comportamentos dos indivíduos, focalizada
nos seus estilos de vida, no contexto familiar e
no ambiente cultural da comunidade em que
estes vivem. Nesta abordagem, os programas
e as atividades assentam na educação e na
mudança dos comportamentos de risco, sob o
controle dos próprios indivíduos. Num segun-
do momento, a promoção da saúde considera
os determinantes sobre as condições de saúde,
onde esta é compreendida como um produto
de um amplo espectro de fatores relacionados
com a qualidade de vida, incluindo um padrão
adequado de alimentação e nutrição, de habi-
tação e saneamento, boas condições de traba-
lho, oportunidades de educação ao longo da
vida, ambiente físico limpo, apoio social para
famílias e indivíduos, estilo de vida responsá-
vel e um espectro adequado de cuidados de
saúde (Buss, 2012, p. 23). Neste seguimento,
as atividades seriam mais direcionadas para os
indivíduos e para o ambiente, através do inves-
timento em políticas públicas e em ambientes
benécos ao desenvolvimento da capacidade
dos indivíduos e das comunidades (empower-
ment).
Nos anos 70 do século XX, Marc Lalande
(1974), o então ministro da Saúde e Bem-estar
do Canadá, chama a atenção para o fato do
comportamento humano ser em parte respon-
sável pelas doenças do mundo moderno nos
países desenvolvidos. Em Maio de 1974 foi di-
vulgado o documento A New Perspective on
the Health of Canidians, designada também
como “Informe Lalonde (1974), que visava en-
frentar o incremento dos custos económicos
da assistência médica e em simultâneo co-
nhecer a abordagem médica para as doenças
crónicas. Com este propósito centraram-se no
conceito de campo de saúde e nos seus respe-
tivos determinantes de saúde, considerando
o campo de saúde em quatro componentes:
biologia humana e genética, ambiente, estilo
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MARIA CRISTINA FARIA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
de vida e a organização da assistência à saúde,
com os seus múltiplos fatores que inuenciam
a saúde. Chegaram então à conclusão que a
maioria dos esforços da sociedade destinados
a melhorar a saúde, os seus respetivos gastos
diretos em saúde, encontravam-se centraliza-
dos na organização da assistência médica e
que as principais causas de morbilidade e mor-
talidade tinham origem em três componentes:
biologia humana, meio ambiente e estilo de
vida (Buss, 2000).
Em 1978, em Alma-Ata, na ex-União Sovié-
tica, a Organização Mundial de Saúde (OMS),
com a colaboração da Fundação das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF), organiza a “I
Conferência Internacional sobre Cuidados Pri-
mários de Saúde” (WHO/UNICEF, 1978, cit. in
Faria, 2017) de seis a doze de setembro desse
ano. Os defensores da saúde e os líderes mun-
diais reuniram-se para trabalhar em prol da
saúde para todos” os povos até ao ano 2000. A
doze de setembro de 1978 formularam a “De-
claração de Alma Ata, destacando a relevância
de serviços de saúde primários e preventivos
no mundo e a urgência e ecácia da ação in-
ternacional e nacional para que os cuidados
primários de saúde fossem desenvolvidos e
aplicados em todo o mundo. Na Conferência
enfatizou-se que a saúde é um direito huma-
no fundamental e chamou-se a atenção para
temas como: a existência da desigualdade
no estado de saúde dos povos; relevância do
desenvolvimento económico e social assente
numa ordem internacional; o direito à partici-
pação dos povos no planeamento e execução
dos seus cuidados de saúde; a responsabiliza-
ção dos governos pela saúde dos seus povos;
o processo continuado de assistência à saúde;
e a acessibilidade aos cuidados primários de
saúde. Diante da observação da medicalização
crescente da saúde na sociedade e nos siste-
mas de saúde os países industrializados optam
por investir no compromisso mundial para a
promoção da saúde.
Um outro marco histórico a considerar foi a
primeira Conferência Internacional sobre Pro-
moção da Saúde, realizada em Ottawa, Cana-
dá, em 21 de Novembro de 1986, que aprovou
uma Carta, conhecida como a Carta de Ot-
tawa, que contém as orientações para atingir
a Saúde para Todos no ano 2000 e seguintes.
Esta Conferência abriu a porta a um novo mo-
vimento, a nível mundial, centrado na criação
de uma forte aliança a favor da Saúde Pública.
Nesta perspetiva, a saúde é considerada um
conceito positivo e holístico, que destaca os
recursos sociais e pessoais, e as capacidades fí-
sicas. Por isso, a Promoção da Saúde não é uma
responsabilidade exclusiva do sector da saúde,
é uma responsabilidade de todos os sectores
da sociedade uma vez que exige estilos de vida
saudáveis para atingir o bem-estar. A melhoria
da saúde decorre da garantia de condições
básicas pelo que é preciso assegurar os pré-
-requisitos para a saúde, que são: paz, abrigo,
educação, alimentação, recursos económicos,
ecossistema estável, recursos sustentáveis, jus-
tiça social e equidade.
A Carta de Ottawa (1986) dene promo-
ção da saúde como o processo de capacita-
ção da comunidade para atuar na melhoria da
sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma
maior participação no controle deste proces-
so (WHO, 1986, cit. in Buss, 2000, p. 170), des-
132 PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E ATIVO NA CIDADE
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
tacando-se três estratégias fundamentais para
a sua concretização: defesa da saúde; capacita-
ção e mediação. Neste seguimento, nos dias 25
e 27 de Setembro de 2015, mais de 150 líderes
mundiais estiveram presentes na sede da Or-
ganização das Nações Unidas (ONU), em Nova
Iorque, para adotar formalmente uma nova
Agenda de Desenvolvimento Sustentável
para 2030” compreendendo dezassete “Obje-
tivos de Desenvolvimento Sustentável “(ODS),
que devem ser implementados por todos os
países do mundo até 2030 (United Nations,
2015).
As evidências mostram que são precisas
ações continuadas de promoção da saúde,
focadas na tomada de medidas para tornar as
nossas cidades em espaços de saúde para to-
dos. É importante tomar consciência que me-
tade da população mundial já vive em áreas
urbanas, e espera-se que cresça para cerca de
dois terços até 2030 (WHO, 2016a, 2016b, cit.
Faria, 2017). Foi neste clima que em Xangai, na
China (20-24 de Novembro, 2016), decorreu a
“9ª Conferência Mundial de Promoção da Saú-
de que teve como tema principal “Promoting
health in the Sustainable Development Goals:
Health for all and all for health, (“Promoção da
Saúde nos Objetivos de Desenvolvimento Sus-
tentável: Saúde para todos e todos para a saú-
de”), até 2030. Considerando o momento histó-
rico da celebração do 30º aniversário da “Carta
de Ottawa, editada na “1ª Conferência Global
sobre Promoção da Saúde (Ottawa, 1986), a 9ª
Conferência pretendia ser uma oportunidade
para rearmar o contributo da “Promoção da
Saúde para “melhorar a saúde e a equidade
na saúde. Assim, o objetivo primordial do en-
contro era o de reforçar a relação entre a “Pro-
moção da Saúde e a Agenda 2030” ao nível do
desenvolvimento sustentável”. Neste evento
foram considerados três pilares da promoção
da saúde: (1) Boa governação; (2) Cidades sau-
dáveis; e (3) Literacia em Saúde (WHO, 2016a,
2016b, cit. in Faria, 2017). Nesta Conferência
criou-se um documento sobre a promoção da
saúde, designado de “Declaração de Xangai”,
que foi aprovada pelos participantes, e que se
constitui como uma plataforma de entendi-
mento sobre compromissos e ações a desen-
volver por todos os países envolvidos e a esti-
mular o mundo global (WHO, 2016b, cit. in Fa-
ria 2017), que destaca: (1) Reconhecimento de
que a saúde e o bem-estar são essenciais para
alcançar desenvolvimento sustentável; (2) Pro-
moção da saúde ocorrerá através da ação em
todos os Objetivos do Desenvolvimento Sus-
tentável (ODS); (3) Tomada de opções políticas
audaciosas para a saúde; Boa governação é es-
sencial para a saúde; (4) Cidades e comunida-
des são ambientes determinantes para a saú-
de; Literacia em saúde capacita e impulsiona a
equidade; e (5) Chamada para a ação (a saúde
é uma escolha política que implica combater
os interesses prejudiciais à saúde e remover
barreiras à capacitação, especialmente, para
mulheres e meninas; os líderes políticos de di-
ferentes setores e de diferentes níveis de go-
vernação, do setor privado e da sociedade civil
devem unir-se na determinação de promover
a saúde e o bem-estar em todos os ODS e a
responsabilidade da promoção da saúde). Os
participantes da “Declaração de Xangai” pro-
meteram acelerar a implementação dos ODS
através de um maior empenho político e de
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MARIA CRISTINA FARIA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
investimento nanceiro na promoção da saú-
de tendo sido acordados compromissos nesse
sentido (WHO, 2016b, cit. in Faria, 2017).
Apesar de algumas divergências de inter-
pretação entre os Estados Unidos (privilegia a
intervenção sobre o indivíduo) e a Europa (pri-
vilegia o nível comunitário e social) o conceito
de promoção da saúde foi adotado por todos
os países desenvolvidos (Ribeiro, 2010). Esta-
mos de acordo com Breslow (1989, cit Ribeiro,
2010) em que hoje, mais do que nunca, é pre-
ciso pôr na agenda da saúde a promoção da
saúde. Isto é, devemos considerar uma etapa
situada antes do tratamento e da prevenção
da doença. Esta abordagem difere do serviço
médico na medida em que este último é dirigi-
do em grande parte para superar a saúde pre-
cária do indivíduo. Esta visão abrange a aten-
ção à população a nível local e global, e não se
circunscreve apenas aos doentes. Signica ain-
da considerar as responsabilidades individuais
versus comunitárias para a saúde e pensar na
alegada medicalização da vida e poluição do
ambiente. Na perspetiva da promoção da saú-
de a focagem visa manter o nível de saúde e
fortalecer o potencial (recursos) para a saúde
do indivíduo ao longo do ciclo de vida, da sua
família, da sua comunidade, da sua sociedade
e do seu ambiente no planeta terra.
Envelhecimento saudável, funcional e
ativo
À medida que as pessoas envelhecem deve
ser-lhes dada a oportunidade de terem acesso
ao desenvolvimento das suas potencialidades.
É preciso uma atenção especial à funcionalida-
de, inclusão, saúde e bem-estar na proximida-
de e decurso da velhice. É expectável que os
decisores e atores sociais responsáveis pelas
políticas sociais de saúde, mercado de traba-
lho, emprego e educação desenvolvam ações
concertadas para apoiarem o envelhecimento
e a longevidade de todos os cidadãos. Preten-
de-se que sejam dadas garantias de segurança
e qualidade de vida para que os adultos maio-
res possam usufruir de um envelhecimento
saudável e ativo, em casa e na comunidade.
Na década de 70 do século XX, um conjun-
to de prossionais provenientes de contextos
diversicados (políticos, sociais e académicos)
procurou transpor a imagem vigente das pes-
soas mais velhas da sociedade associadas a fra-
gilidade, dependência, improdutividade ou a
constituírem um fardo para a sociedade e para
as novas gerações. É deste debate que surge
o conceito de envelhecimento produtivo (EP)
denido como “uma atividade signicativa
e satisfatória, em que o idoso está envolvido
de forma estruturada e continuada e que tem
um impacto positivo na sua vida (Gonçalves
et al, 2006, 139). Neste processo, se houver
um contexto social e cultural que compense
a perda dos recursos biológicos, o ritmo que
dá origem ao declínio pode ser travado, assim
como pode acelerar na presença de expectati-
vas negativas sobre o envelhecimento a nível
cultural e económico. Um pouco mais tarde, na
década de 80, Baltes e Baltes (1990, cit. Baltes
& Carstensen, 1996) apresentaram o conceito
de envelhecimento bem-sucedido (EBS), des-
tacando a heterogeneidade do processo de
envelhecimento e a existência de uma reser-
va, de forma a compensar o declínio de deter-
minadas competências. Embora defendam o
134 PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E ATIVO NA CIDADE
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
princípio da continuidade desenvolvimental
de ganhos e perdas ao longo do ciclo de vida,
consideram que existem limites expostos pela
idade para a adaptação e plasticidade com-
portamental, desencadeando um aumento de
perdas e uma diminuição de ganhos. Assim,
nesta perspetiva, o envelhecimento pode ser
compreendido através do modelo de seleção,
otimização e compensação, mecanismos de
adaptação interativos que procuram sempre a
maximização dos ganhos e a minimização das
perdas (Baltes & Baltes, 1990; cit. Baltes & Cars-
tensen, 1996).
No início do século XXI a Organização Mun-
dial de Saúde (WHO, 2002) destacou sete de-
saos expectáveis organizados pela seguinte
ordem: 1º) carga dupla da doença (mudança
no padrão das doenças transmissíveis para as
não transmissíveis, sendo que se esperando-se
para 2020 um aumento de 78% da carga glo-
bal de doença em doenças não transmissíveis,
doenças crónicas (cardiopatia, cancro e de-
pressão) causa de morte e invalidez, doenças
mentais e lesões; 2º) maior risco de deciência;
3º) provisão de cuidado para populações em
processo de envelhecimento; 4º) feminização
do envelhecimento; 5º) ética e iniquidades;
6º) economia de uma população em processo
de envelhecimento; e 7º) criação de um novo
paradigma que perceba os idosos como par-
ticipantes ativos de uma sociedade com inte-
gração de idade, contribuintes ativos, e bene-
ciários do desenvolvimento.
Neste ambiente de mudança na forma
como compreender a velhice, a Organização
Mundial de Saúde (World Health Organization
[WHO], 2002) foi inovadora ao apresentar o
conceito de envelhecimento ativo e o divulgar
como o “processo de otimização de oportuni-
dades para a saúde, participação e segurança,
no sentido de aumentar a qualidade de vida
durante o envelhecimento. Nesta perspetiva
de que o envelhecimento pode ser uma ex-
periência positiva, sinónimo de uma vida mais
longa e acompanhada de oportunidades con-
tínuas de saúde, participação e segurança, a
Organização Mundial da Saúde (WHO, 2002)
apresentou uma visão diferente do envelhe-
cimento e marcou a mudança de paradigma.
O envelhecimento assim exposto implica uma
participação e envolvimento das pessoas mais
velhas nas várias questões sociais, culturais,
económicas, civis e espirituais, e não apenas à
capacidade de estar sicamente ativo ou fazer
parte da força de trabalho. Esta nova forma de
entender e perspetivar o envelhecimento en-
fatiza a importância das pessoas perceberem o
seu potencial para a promoção do seu próprio
bem-estar e, sobretudo, da sua qualidade de
vida (Ribeiro & Paúl, 2011).
Na perspetiva de que o envelhecimento
pode ser uma experiência positiva, sinónimo
de uma vida mais longa e acompanhada de
oportunidades contínuas de saúde, participa-
ção e segurança, a Organização Mundial da
Saúde (WHO,2002) permite uma visão dife-
rente do envelhecimento. O envelhecimento
ativo, assim apresentado, implica uma partici-
pação e envolvimento nas várias questões so-
ciais, culturais, económicas, civis e espirituais, e
não apenas à capacidade de estar sicamente
ativo ou fazer parte da força de trabalho, esta
nova forma de entender e perspetivar o enve-
lhecimento enfatiza a importância das pessoas
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MARIA CRISTINA FARIA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
perceberem o seu potencial para a promoção
do seu bem-estar e, sobretudo, da sua qualida-
de de vida.
O planeamento estratégico deixa de ter um
enfoque baseado nas necessidades (que con-
sidera as pessoas mais velhas como alvos pas-
sivos) e passa ter uma abordagem baseada em
direitos, o que permite o reconhecimento dos
direitos dos mais velhos à igualdade de opor-
tunidades e tratamento em todos os aspetos
da vida à medida que envelhecem. Essa abor-
dagem apoia a responsabilidade dos mais ve-
lhos no exercício de sua participação nos pro-
cessos políticos e em outros aspetos da vida
em comunidade (WHO, Organização Mundial
de Saúde, 2005).
O ano de 2012 foi designado de Ano Euro-
peu do Envelhecimento Ativo e da Solidarieda-
de entre as Gerações possibilitando uma abor-
dagem positiva do envelhecimento, a criação
de espaços e tempos de debate reexivo e o
surgimento de iniciativas proativas que possi-
bilitem o desenvolvimento e a valorização da
população sénior. Considera-se que o enve-
lhecimento ativo pode dar à geração do baby
boom e aos seniores do futuro a oportunidade
de: 1) permanecerem no mercado de trabalho
e partilharem a sua experiência; 2) continua-
rem a desempenhar um papel ativo na socie-
dade; e 3) viverem uma vida o mais saudável e
graticante possível. Por outro lado, a partilha
de experiências e a solidariedade intergeracio-
nal nas sociedades envelhecidas constitui uma
riqueza humana e social para a construção da
felicidade para todos. Por isso, durante o ano
europeu 2012 chamou-se a atenção para o
fato de nunca ser tarde para “partilhar expe-
riências, “iniciar uma nova carreira, “ser dono
da sua própria vida, ampliar os horizontes,
dedicar-se aos outros”, “fazer novos amigos”,
unir forças”, “divertirmo-nos juntos”, “preocu-
parmo-nos com os outros”, “ter um espirito jo-
vem e “viver intensamente.
Existe consenso que o estilo de vida saudá-
vel para idosos inclui: alimentação saudável,
atividade física regular, manter um peso sau-
dável, manter a mente ativa, fazer da saúde
uma prioridade, participar em atividades de
que se gosta, desempenhar um papel ativo
nos cuidados de saúde, não fumar. A adoção
consciente de estilos de vida saudáveis ao lon-
go da vida contribui para uma vida mais sau-
dável na velhice e proporciona um benefício
potencial para a preservação da saúde e da
autonomia dos mais velhos, viabilizando um
envelhecimento saudável e graticante. Os
estudos têm mostrado como a qualidade de
vida, o bem-estar, a manutenção das qualida-
des mentais, físicas e sociais estão diretamente
relacionados com o desempenho de ocupa-
ções signicativas e graticantes (Carvalho &
Dias, 2011). De acordo com European Union
e Committee of the Regions (Andor, Bresso, &
Sedmak, 2011), é preciso saber como tornar os
cidadãos séniores mais participativos na socie-
dade, enquanto atores do seu próprio desen-
volvimento.
A maneira como pensamos a idade, o en-
velhecimento e a longevidade, seja a nível in-
dividual ou social, está na base dos comporta-
mentos e das ações para viabilizar o desenvol-
vimento do envelhecimento saudável (healthy
ageing). Estamos focados nas orientações da
Organização Mundial de Saúde, no âmbito da
136 PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E ATIVO NA CIDADE
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
sua estratégia global sobre o envelhecimento
para 2015 – 2030 (WHO, 2015) e temos como
base de entendimento a sua denição do En-
velhecimento Saudável denido no seu Rela-
tório Mundial sobre Envelhecimento e Saúde
(WHO, 2015) como o processo de desenvolvi-
mento e manutenção da capacidade funcional
que possibilita o bem--estar na velhice. Esta
denição permite uma abordagem ao enve-
lhecimento que seja integracionista, holística
e interacionista ao mesmo tempo que permite
a focagem na saúde e na capacidade funcio-
nal da pessoa mais velha. Como refere Fonse-
ca A expressão ‘ativo é agora substituída pela
expressão capacidade funcional, traduzida
em recursos que permitam a cada pessoa de-
sempenhar não apenas aquilo de que neces-
sita para ser autónoma e independente, mas
igualmente aquilo que mais valoriza: satisfazer
as necessidades básicas, tomar decisões, ter
mobilidade, fazer e manter relacionamentos,
aprender, contribuir para a sociedade. A capa-
cidade funcional é composta pela capacidade
intrínseca do indivíduo, pelas características
ambientais, e pela interação entre ambas.
(Fonseca, 2021, 45). Neste sentido, o Ageing in
place (envelhecer em casa e na comunidade)
é um desao no sentido que procura atender à
pessoa real e não estatística, respeitando a sua
identidade e as suas necessidades individuais.
Envelhecimento e aprendizagem ao lon-
go da Vida
A prosperidade de uma sociedade em en-
velhecimento e envelhecida encontra-se com-
prometida com dois conceitos: o envelheci-
mento saudável e ativo e a aprendizagem ao
longo da vida. Estas abordagens produzem
melhores resultados quando têm início numa
idade precoce. De acordo com o “Livro Verde
sobre o Envelhecimento- Promover a respon-
sabilidade e a solidariedade entre gerações
(Comissão Europeia, 2021) o envelhecimento
saudável e ativo está ligado à promoção de
estilos de vida saudáveis ao longo da vida e
abrange os padrões de consumo e alimenta-
ção, bem como os níveis de exercício físico e
atividade social. Por isso, ajuda a reduzir o risco
de obesidade, diabetes e outras doenças não
transmissíveis, cuja predomínio tem vindo a
aumentar. Está de alerta às doenças cardiovas-
culares e ao cancro que guram entre as prin-
cipais causas de doenças evitáveis nas pessoas
com menos de 75 anos na Europa. Promove
um impacto positivo no mercado de trabalho,
nas taxas de emprego e nos nossos sistemas
de proteção social, possibilitando o crescimen-
to e a produtividade da economia.
Ao debruçar-se sobre a problemática de
como o envelhecimento afeta todas as idades e
gerações o Livro Verde sobre o Envelhecimen-
to (Comissão Europeia, 2021,4) circunscreve-se
a uma abordagem de ciclo de vida e coloca o
desao de discussão e reexão de cinco temas,
dos quais aguardamos o relatório:1) Envelhe-
cimento saudável e ativo e aprendizagem ao
longo da vida; 2) Melhorar o desempenho do
mercado de trabalho; 3) Modernizar os siste-
mas de proteção social e combater a pobreza
na velhice; 4) Melhorar a resiliência dos nossos
sistemas de saúde e de prestação de cuidados;
e 5) Promover a solidariedade e a responsabili-
dade intergeracionais.
137
MARIA CRISTINA FARIA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
De acordo com Ribeirinho (2021) o “Livro
Verde sobre o Envelhecimento - Promover a
responsabilidade e a solidariedade entre gera-
ções pode constituir-se como uma excelente
oportunidade para aprofundar a literacia ge-
rontológica. O plano para a Década do Enve-
lhecimento Saudável 2020-2030 possibilita
uma década de colaboração concertada, cata-
lisadora e sustentada, procurando perspetivar
as pessoas idosas como eixo central e reunindo
esforços dos governos, da sociedade civil, dos
organismos internacionais, dos prossionais,
das instituições académicas, dos média e do
setor privado, a m de melhorar a vida dessas
pessoas, bem como das suas famílias e comu-
nidades” (Ribeirinho, 2021,33). Na década de
2020-2030, o fenómeno do envelhecimento e
da longevidade são alvo de várias focagens e
intervenções. Toda a sociedade ca envolvida
para concretizar as metas de envelhecimento
e saúde contribuindo para uma literacia em
gerontologia.
Envelhecimento ativo através do Active
Ageing Index e do AgeWatch Index
O envelhecimento ativo e saudável tem sido
compreendido como um meio ecaz de alojar
os impactos produzidos pela mudança das
estruturas etárias e alertar os governos para
o papel das políticas públicas (Ferreira, et al.,
2017). Quem envelhece espera ter capacidade
funcional, que a sua autonomia e independên-
cia se mantenham e durem até o mais tarde
possível. Aspira-se a continuar a exercer a cida-
dania, a ser feliz e a estar o mais longe possível
do isolamento e da exclusão social. Por isso,
toda a sociedade é chamada para a missão de
promover e viabilizar o envelhecimento ativo,
funcional e com saúde. Aos governos exige-se
que ampliem e melhorem as políticas e respos-
tas sociais ao envelhecimento e ao cidadão que
promova atitudes e comportamentos em prol
da saúde física e mental e ainda, que se envol-
va na comunidade. É, pois, importante moni-
torizar os esforços que as sociedades realizam
para levar por diante o envelhecimento ativo e
com saúde. É neste contexto que surgem dois
índices que procuram registar os progressos
realizados pelos países: o Active Ageing Index
(AAI) e o AgeWatch Index (AWI).
O AAI da Comissão Europeia e da Comissão
Económica para a Europa (UNECE) é consti-
tuído por vinte e dois indicadores individuais
agrupados em quatro domínios: 1) contribui-
ções através de atividades remuneradas (em-
prego); 2) contribuições através de atividades
produtivas não remuneradas (participação
social); vida independente, segura e saudá-
vel; 3) capacitação (empoderamento) para o
envelhecimento ativo; e 4) capital de enve-
lhecimento ativo (o stock de capital social e
de saúde). Os primeiros três domínios avaliam
realizações evidenciando as atividades em que
as pessoas se encontram envolvidas e o quarto
domínio avalia as condições em que o Estado
e a sociedade investe no desenvolvimento do
envelhecimento ativo possibilitando melhorar
a qualidade de vida das pessoas mais velhas.
O AAI resulta da média ponderada da pontua-
ção obtida nos domínios, e varia entre 0 e 100
pontos. Assim, quanto mais alto é o AAI de um
país, mais frequentes são os comportamentos
de envelhecimento ativo da sua população
(Ferreira, et al., 2017).
138 PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E ATIVO NA CIDADE
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
A HelpAge International é uma rede global
de organizações que tem como missão asse-
gurar o direito das pessoas mais velhas a terem
uma vida com dignidade e que seja saudável e
segura.
O Global AgeWatch Index (AWI) é da res-
ponsabilidade da HelpAge International e a
sua construção é realizada a partir de dados
provenientes de organizações internacionais
(Departamento Económico e dos Assuntos
Sociais das Nações Unidas, o Banco Mundial,
a Organização Mundial de Saúde, a Organiza-
ção Internacioanl do Trabalho, A UNESCO e a
Gallup World Poll). O AWI avalia os fatores que
determinam o bem-estar social e económico
das pessoas mais velhas a nível global pelo que
constitui um instrumento que pode ser útil à
monitorização do impacto das políticas e pro-
gramas sobre envelhecimento bem-sucedi-
do. Considera quatro domínios fundamentais
(Ferreira, et al., 2017): 1) segurança económica
(Indicadores: taxa de cobertura das pensões;
taxa de pobreza dos idosos; o rendimento/
consumo relativo dos idosos; e o rendimento
interno bruto); 2) condição/estado de saúde
(Indicadores: esperança de vida aos 60 anos da
população do país em questão; esperança de
vida saudável aos 60 anos; e bem-estar psico-
lógico); 3) capacidade individual (Indicadores:
a participação no mercado de trabalho (55-64
anos) e o nível de educação atingido (percen-
tagem de pessoas de 60 ou mais anos com
pelo menos o ensino secundário); e 4) ambien-
te facilitador (Indicadores: as redes de apoio
familiares ou de amigos; o sentimento de se-
gurança na zona onde se vive; o sentimento de
controlo da própria vida; e a satisfação com a
qualidade do transporte público-mobilidade).
Cada um destes domínios tem uma pontuação
própria, sendo a média usada no cálculo da
pontuação global (entre 0 e 100).
Num estudo realizado por Zaidi et al. (2017)
foi apresentado uma medida de envelheci-
mento ativo e saudável calculada para os 28
países da União Europeia. Os autores foca-
ram-se na geração de pessoas mais velhas e a
partir de vários inquéritos procuram conhecer
os diversos aspetos do envelhecimento ativo e
saudável, avaliando o contributo das pessoas
idosas no que diz respeito ao emprego, às suas
contribuições familiares, sociais e culturais não
remuneradas e à sua vida independente, sau-
dável e segura. Assim, surgiu a primeira medi-
da quantitativa que efetivamente avalia o en-
velhecimento ativo e saudável designada por
o Active Ageing Index (AAI), em português,
Índice de Envelhecimento Ativo (IEA). Este ins-
trumento ultrapassou as habituais avaliações
baseadas em conceitos, denições e estraté-
gias de políticas públicas. O IEA captou a forma
como os países diferem no que diz respeito à
capacidade e aos ambientes propícios para um
envelhecimento ativo e saudável, evidencian-
do uma desagregação dos quatro domínios do
envelhecimento ativo e saudável, e as diferen-
ças de género. O estudo mostrou que a Suécia
está no topo do ranking de países, seguida de
perto pela Dinamarca, Reino Unido, Finlândia,
Holanda e Irlanda. Os quatro países do sul da
Europa (Itália, Portugal, Espanha e Malta) são
países de classicação intermédia. A Grécia e
muitos dos países da Europa Central encon-
tram-se na parte inferior, destacando poten-
cialidades muito mais inexploradas de enve-
139
MARIA CRISTINA FARIA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
lhecimento ativo e saudável entre as pessoas
idosas nestes países e a necessidade de maio-
res esforços políticos. No que diz respeito ao
género as mulheres encontram-se numa situa-
ção pior do que os homens na maioria dos paí-
ses, identicando a necessidade de enfatizar a
redução da disparidade de género nas expe-
riências de envelhecimento ativo e saudável.
Ficou por identicar os mecanismos de políti-
ca social que estão por trás das diferenças do
envelhecimento ativo e saudável observadas
dos diversos países e por saber quais as estra-
tégias de envelhecimento ativo e saudável que
impulsionaram os melhores desempenhos e
que problemas afetaram os desempenhos dos
países menos classicados.
Analisando o Relatório do Envelhecimento
ativo em Portugal através do Active Ageing
Index (AAI) e do AgeWatch Index (AWI) ob-
serva-se que no caso de Portugal os índices
revelam que se encontra abaixo da média eu-
ropeia (Ferreira et al, 2017). No AAI, Portugal
ocupa a 16.ª posição, acima de Espanha, mas
abaixo da média da EU-28 (33,9). Verica-se
que é no domínio do emprego (33,5) que o
país surge melhor posicionado, em 8.º lugar,
bem acima da média europeia (27,8), próximo
dos países economicamente desenvolvidos.
Nos domínios da participação social e da vida
independente, que dizem respeito à vivência
individual do envelhecimento ativo, Portugal
ocupa, respetivamente, a 20.ª e a 21.ª posições,
partilhando a parte inferior da tabela com ou-
tros países. No domínio das condições que a
sociedade proporciona para se envelhecer ati-
vamente, Portugal aparece no 18.º lugar, abai-
xo da média europeia.
Numa abordagem positiva dos dados do
caso português podemos destacar a esfera
económica em sentido lato, uma vez que as
evidências mostraram uma pontuação satisfa-
tória no que respeita à participação no merca-
do de trabalho ou à proteção do rendimento
das pessoas idosas. Já na negativa sobressai
a fraca qualicação escolar, a limitada vida in-
dependente e a reduzida participação social.
Ainda assim, e chocando com as evidências
positivas dos países europeus os autores são
de opinião que é preciso considerar que nos
últimos anos o país fez progressos e que com
a inversão da situação económica é expectável
que o país apresente melhorias signicativas
no próximo exercício dos índices do envelhe-
cimento ativo (Ferreira et al, 2017). Observa-se
que os progressos registados não são equita-
tivos em termos de género, isto é, de modo
geral, os homens saem mais beneciados do
que as mulheres no período analisado (2010 a
2014). Considerando a posição portuguesa os
países que estão mais próximos de Portugal
são a França, a Bélgica ou a Espanha. Portanto,
podemos inferir que, apesar de uma pontua-
ção dos índices seja pouco satisfatória, o perl
das dimensões do envelhecimento aproxima-
-se ao de sociedades economicamente mais
desenvolvidas.
A análise do AAI e do AWI permiti chamar a
atenção para aspetos importantes para as po-
líticas públicas relativas ao envelhecimento: 1)
Dimensões do Índice de Envelhecimento Ati-
vo; 2) Indicadores relativos ao Envelhecimento
Ativo; e 3) Políticas Públicas de Envelhecimen-
to Ativo. Face aos dados obtidos os autores
recomendam que os índices e as suas dimen-
140 PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E ATIVO NA CIDADE
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
sões fossem contemplados na elaboração pro-
gramática das políticas públicas. Estes índices
poderiam ser facultados aos decisores políti-
cos como um instrumento de monitorização e
avaliação capaz de orientar a sua planicação,
execução e intervenção ao longo do tempo.
Seria recomendável contemplar outros indica-
dores de envelhecimento ativo, em particular
a nível local, de forma a criar uma bateria mais
alargada de indicadores que permitam a moni-
torização do impacto das ações e dos progra-
mas em curso a nível do município e freguesia
(Ferreira et al, 2017).
Comunidades Pro-envelhecimento e
Pro-longevidade
Segundo o Relatório Mundial de Envelhe-
cimento e Saúde realizado pela Organização
Mundial de Saúde (WHO, 2015) no futuro en-
velheceremos de maneira diferente de hoje e
as pessoas maiores poderão viver as suas vi-
das com maior liberdade. Para isso acontecer
é preciso ultrapassar os modelos curativos e
económicos e avançar para abordagens ino-
vadoras das vivências saudáveis e positivas no
envelhecimento. De acordo com o Relatório
(WHO, 2015) podemos observar alguma mu-
dança que vai ocorrendo e que tem as suas
implicações a vários níveis: (1) a urbanização
e a globalização foram acompanhadas pelo
aumento da migração e desregulamentação
dos mercados de trabalho, o que pode ser
uma oportunidade para os mais velhos; (2)
as normas de género e o papel das mulheres
tem-se alterado; deixaram de ser cuidadoras
desempenhando funções de maior segurança
em idades avançadas; (3) os modelos antigos
de cuidados à família não são sustentáveis, e
obrigam a novas abordagens; (4) a mudança
tecnológica ao nível da comunicação e infor-
mação proporciona oportunidades de acesso
à família e de orientação do autocuidado; e (5)
o surgimento de novos recursos de apoio que
são mais funcionais e acessíveis possibilitando
oportunidades para o monitoramento e cuida-
dos de saúde personalizados.
A Década do Envelhecimento Saudável
2021-2030, declarada pela Assembleia Geral
das Nações Unidas em dezembro de 2020, é
a principal estratégia para alcançar e apoiar
ações de construção de uma sociedade para
todas as idades. Baseada em orientações ema-
nadas de documentos como a Estratégia Glo-
bal sobre Envelhecimento e Saúde da OMS, o
Plano de Ação Internacional sobre Envelheci-
mento da ONU Madrid e as Metas de Desen-
volvimento Sustentável da Agenda da ONU
para 2030 (WHO, 2017). Nesta Década preten-
de-se investir em quatro áreas de ação: 1) mu-
dar a forma como pensamos, sentimos e agi-
mos com relação à idade e ao envelhecimento;
2) garantir que comunidades promovam as
capacidades das pessoas idosas; 3) entregar
serviços de cuidados integrados e de atenção
primária à saúde centrados na pessoa e ade-
quados à pessoa idosa; e 4) propiciar o acesso
a cuidados de longo prazo às pessoas idosas
que necessitem (OMS, 2022). Por conseguin-
te, é preciso concertar as ideias e os esforços a
serem desenvolvidos favoráveis à idade e pas-
sar à ação global e local. Delinear estratégias
promotoras de um envelhecimento saudável
para todos e implementá-las na comunidade
envelhecida deve estar na agenda dos deciso-
141
MARIA CRISTINA FARIA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
res políticos e dos prossionais que trabalham
em ambientes envelhecidos.
Pensar melhor a idade passa a ser uma prio-
ridade se queremos comunidades centradas
no desenvolvimento e seguranças das pessoas
maiores. Esta preocupação não é nova, já exis-
te desde o século passado.
Como aplicação prática e estratégica do en-
velhecimento ativo, a OMS lançou em 2007 o
projeto Age-Friendly Cities – Cidades Amigas
das Pessoas Idosas, capacitando e dando voz
ativa às pessoas idosas de várias cidades do
mundo. Promovido pela Organização Mundial
da Saúde (OMS), o Protocolo de Vancouver é
um protocolo de pesquisa desenvolvido no
âmbito do Projeto “Cidades e Comunidades
Amigas das Pessoas Idosas”. Este foi utilizado
por 33 cidades de todas as regiões do mundo
que participaram na realização de uma inves-
tigação para avaliar a adaptação da cidade às
necessidades dos mais velhos. Dos resultados
extraiu-se o Guia das Cidades Amigas das Pes-
soas Idosas (OMS, 2007) que aborda os oito
temas elegidos: Espaços exteriores e edifícios;
transportes; habitação; participação social;
respeito e inclusão social; participação cívi-
ca e emprego; comunicação e informação; e
apoio comunitário e serviços de saúde. É uma
ferramenta essencial para identicar as neces-
sidades e as áreas prioritárias de intervenção
de modo a tornar as cidades mais amigas dos
idosos. É previsível que, quanto mais adaptada
estiver a cidade às exigências e especicidades
da idade avançada melhor será o desempenho
ocupacional das pessoas mais velhas e, conse-
quentemente, a sua perceção de bem-estar.
Em simultâneo, quanto maior for o número de
cidades que reúnam as condições para serem
designadas de amigas das pessoas mais ve-
lhas, maior será o leque de pessoas idosas que
vivenciam bem-estar, com autonomia e parti-
cipação social.
Em Portugal a “Rede Portuguesa de Cida-
des Saudáveis (RPCS) existe desde 1997, pau-
tando a sua atuação em concordância com as
diretrizes da OMS e no sentido do desenvolvi-
mento de esforços para o apoio e promoção
de estratégias locais que permitam conduzir a
ganhos de saúde. No ano de 2001, a “Rede Por-
tuguesa de Municípios Saudáveis insere-se no
“Movimento das Cidades Saudáveis da OMS,
através da adesão à REDE das “Redes Nacionais
de Cidades Saudáveis da Europa da OMS, que
conta na altura, com 34 municípios portugue-
ses saudáveis e que tem como principal mis-
são apoiar a divulgação, implementação e de-
senvolvimento do projeto “Cidades Saudáveis
nos municípios que assumam a promoção da
saúde como uma prioridade. A “Rede Portu-
guesa de Municípios Saudáveis apresenta-se
com o lema “um município saudável é inclu-
sivo, sensível e para todos os cidadãos” deno-
tando uma preocupação de saúde e bem-estar
social para todos. Muito se exige à Cidade do
século XXI, que seja uma “Cidade educadora,
saudável, inteligente e sustentável” e agora
“Cidade amiga da pessoa mais velha.
Em termos da ética social, são os cidadãos
o principal valor da sociedade e esse valor não
tem fronteiras de idade. Por conseguinte, mais
do que saber lidar com o envelhecimento de-
mográco, é necessário mobilizar esforços para
potenciar os benefícios do envelhecimento. A
Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) tem
142 PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E ATIVO NA CIDADE
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
como principal objetivo a construção de uma
sociedade que promova o bem-estar e a con-
tribuição cívica de todos os cidadãos. Foi neste
contexto que a OPP cria o Selo “Comunidades
Pró-Envelhecimento 2020/2021”. Para o rece-
ber é preciso que cada cidade ou comunidade
preencha os requisitos da Checklist Comunida-
des Pró-Envelhecimento. Esta é composta por
três partes: Parte I que contempla a Segurança,
Habitação e Mobilidade; Bem-Estar e Saúde; Re-
lações Sociais e Inclusão; Cultura e Educação ao
Longo da Vida; e Participação Ativa e Emprego ;
Parte II justicação de respostas positivas; e Par-
te III sobre disponibilização de informação com-
plementar sobre o preenchimentos da Check-
list), e tem por objetivos ser, simultaneamen-
te, uma lista de vericação e um instrumento
orientador das boas práticas e da promoção do
envelhecimento saudável e bem-sucedido nas
Comunidades. No âmbito do trabalho desen-
volvido, em 2020, a Ordem dos Psicólogos Por-
tugueses atribui no Dia Internacional do Idoso
(1 de outubro), o Selo “Comunidades Pró-Enve-
lhecimento 2020/2021” a todas as comunida-
des que se candidataram e que zeram prova
de apresentaram políticas, programas, planos
estratégicos e práticas demonstram um com-
promisso forte e efetivo com a promoção do
envelhecimento saudável e bem-sucedido ao
longo de todo o ciclo de vida. Cada cidade ou
município ou comunidade, a quem foi atribuí-
do o Selo de “Comunidade Pró-Envelhecimen-
to 2020/2021”, sentiu que lhe estava a ser feito
um reconhecimento pelo trabalho realizado e
um estímulo para continuar na trajetória das
Cidades Amigas das Pessoas Mais Velhas a de-
senvolver esforços para manter ou melhorar o
desenvolvimento de práticas, políticas e planos
estratégicos reveladores de um compromisso
com a promoção do envelhecimento saudável.
Discussão
Na nossa era, é cada vez mais comum obser-
var que muitos indivíduos com 70 anos aparen-
tam ter 60 e assim por diante. Falamos até que
são detentores de um bom envelhecimento
ou de uma “sabedoria no envelhecer”. Mas, nin-
guém escapa à idade que tem e isso quer dizer
que embora não haja um “idoso típico, pois
cada um tem a sua forma especial de envelhe-
cer, não podemos esquecer o apoio especializa-
do ao envelhecimento que deve ser disponibili-
zado pelos serviços da comunidade e a imple-
mentação das políticas sociais promotoras de
um envelhecimento saudável para todos.
A abordagem do envelhecimento saudável
tem sido alvo de opiniões críticas que conside-
ram que esta perspetiva acaba por homogenei-
zar, oprimir e negligenciar as realidades físicas
da velhice. Contudo, é preciso compreender
que discurso atual sobre o envelhecimento sau-
dável atribui aos indivíduos a responsabilidade
de alcançar uma boa saúde física e ignora as
suas circunstâncias mais amplas. A abordagem
de capacidade de Sen (1997) fornece uma base
para incluir as mudanças físicas do envelheci-
mento e do ambiente social, concentrando-se
no que os próprios idosos valorizam em relação
ao envelhecimento saudável. Num estudo rea-
lizado na Nova Zelândia sobre padrões de vida
desejados os 145 entrevistas com idade de 63
a 93 anos observaram-se seis ‘funcionamentos’
comumente valorizados: conforto físico, inte-
gração social, contribuição, segurança, autono-
143
MARIA CRISTINA FARIA
Análisis y Modicación de Conducta, 2024, vol. 50, nº 182
mia e diversão (Stephens, Breheny & Mansvelt,
2015). A capacidade de alcançar as funcionali-
dades valorizadas era de grande importância,
independentemente do estado de saúde física,
embora essa capacidade fosse frequentemente
limitada por circunstâncias sociais e materiais.
Paralelamente, o estudo destaca a importância
de um ambiente favorável aos funcionamen-
tos valorizados e fornece uma estrutura para a
compreensão da saúde dos idosos, quaisquer
que sejam as suas habilidades físicas atuais. Por
conseguinte, faz sentido que os modelos de
envelhecimento saudável sejam mais amplos e
incluam entendimentos de resiliência e capaci-
dades de empowerment.
No Relatório do 2º Fórum Global da Organi-
zação Mundial de Saúde sobre Inovação para
Populações Envelhecidas (2015), são identica-
das cinco áreas de intervenção no processo de
Ageing in Place”: Pessoas, Lugares, Produtos,
Serviços personalizados e Políticas de apoio so-
cial (Fonseca, 2018). Para assegurar a promoção
do envelhecimento ativo e com saúde é preciso
criar condições de saúde, participação e segu-
rança das pessoas mais velhas da sociedade,
que acompanhem a sua qualidade de vida à
medida que envelhecem. Uma cidade ou uma
comunidade amiga das pessoas com mais idade
cria e adapta as suas estruturas para ir ao encon-
tro das necessidades e capacidades destes seus
cidadãos. Para saber como construir uma cida-
de ou comunidade amiga das pessoas idosas é
preciso escutá-las para poder desenvolver e im-
plementar uma prática amigável à idade. Com
o objetivo de ajudar as cidades a se olharem a
partir da perspetiva das pessoas mais velhas e
de identicar em que aspetos podiam ser mais
amigáveis”, a Organização Mundial da Saúde
propôs o projeto Age Friendly Cities (2007).
Observou-se que nas cidades de todos os con-
tinentes os temas recorrentes eram a qualidade
de vida, a acessibilidade e a segurança. Os re-
sultados das discussões em grupo conduziram
à elaboração de um conjunto de listas de veri-
cação de cidades amigas dos idosos.
Pensar melhor o envelhecimento implica
que os cidadãos estejam disponíveis para mu-
dar a forma como pensamos a idade e o enve-
lhecimento numa sociedade.
Neste sentido, se queremos enveredar por
percursos de envelhecimento saudável e ativo
é importante dar continuidade à construção
de uma sociedade que promova ambientes
de pro-envelhecimento com bem-estar. Um
apoio para este empreendimento pode pas-
sar pela responsabilidade e envolvimento dos
decisores políticos e atores sociais e a contri-
buição cívica de todos os cidadãos para que
as suas cidades, municípios e comunidades
possam alcançar e manter o Selo “Comunida-
des Pró-Envelhecimento e assim assegurarem
a promoção de um envelhecimento saudável,
funcional e ativo na cidade.
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