Prevalência da obesidade em meio escolar, estudo realizado ao segundo e terceiro
ciclo de escolaridade numa escola na cidade de Beja
Número 5, 2015 E-motion. Revista de Educación, Motricidad e Investigación 62
1. INTRODUÇÃO
A obesidade é considerada um dos problemas de saúde mais graves que afeta
crianças e adolescentes a nível mundial (Sousa, Loureiro, y Carmo, 2008), sendo
considerada a nova pandemia do século XXI (OMS, 2011).
É principalmente nos países desenvolvidos, que a prevalência de pré-
obesidade e obesidade em crianças e adolescentes tem vindo a aumentar
consideravelmente, tomando até proporções alarmantes (W.H.O.,2000; Kosti y
Panagiotakos, 2006; Wang y Lobstein, 2006).
Segundo a OMS (2011) e Sousa e colaboradores (2008), a obesidade pode ser
definida como uma doença onde o excesso de gordura corporal se acumula afetando
gravemente a saúde. Esta, resulta fundamentalmente do desequilíbrio energético entre
calorias consumidas e calorias gastas (OMS,2011).
Na génese da obesidade apenas 5% está associada a causas endócrinas,
hereditárias ou genéticas, os restantes 95% estão motivados por uma causa exógena
ou nutricional (Kosti y Panagiotakos, 2006; Wardle, 2005). Estes valores intensificam a
crescente preocupação, relativamente aos estilos de vida, na medida em que possam
acelerar o processo de doença. Verificamos que cada vez mais as crianças preferem
práticas de lazer sedentárias em vez de se dedicarem a atividades com maior gasto
energético (Tremblay, 2000; Page, 2005).
O cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) é geralmente utilizado para
diagnóstico da obesidade e determina-se, dividindo o peso, em quilogramas, pelo
quadrado da altura, em metros, considerando-se que há excesso de peso quando o
IMC é igual ou superior a 25 e obesidade quando o IMC é igual ou superior a 30
(OMS, 2011). No entanto, durante a infância o IMC apresenta variações significativas,
sendo necessário ter em consideração variáveis como a idade e o sexo da criança na
sua interpretação (Flodmark, Lissau, Moreno, Pietrobelli, y Widhalm, 2004; OMS,
2011).
Assim, em crianças e adolescentes até aos 18 anos, o valor do IMC é
comparado aos valores padronizados em função do sexo e idade, das normas da
International Obesity Task Force. De acordo com estas normas, crianças com um IMC
entre o percentil 85 e o percentil 95 são consideradas com excesso de peso, enquanto
que crianças com um IMC igual ou superior ao percentil 95 são consideradas obesas
(Lo Presti, Lai, Hildebrandt, y Loeb, 2010; OMS, 2011).
Uma das grandes preocupações com a obesidade na infância e adolescência
deve-se ao facto de existir uma forte ligação entre a obesidade na infância e
adolescência e a sua persistência na idade adulta (W.H.O., 2000; Cole, 2002;
Wisemandle, 2000). Por conseguinte, a sua identificação precoce em crianças pode
diminuir o risco de se tornarem adultos obesos. Sendo também essencial, para as
crianças, adquirirem hábitos saudáveis nas suas primeiras fases de vida, pois estes
tendem a manter-se até à vida adulta.
É do conhecimento geral que a obesidade está associada a sérios fatores de
risco para a saúde como as doenças cardiovasculares e outras doenças crónicas,
incluindo diabetes, hipertensão e arteriosclerose precoce, entre outras (Cole, 2002,
Wisemandle, 2000). Por outro lado, crianças e adolescentes associam frequentemente
a obesidade a distúrbios psicológicos como, a diminuição da autoestima, isolamento
social e diminuição da participação em atividades coletivas (Yin, 2005; Viner, 2005).